Um novo relatório da Organização Mundial de Saúde revela que a maior parte dos países pobres não vão conseguir introduzir melhorias significativas no sector da saúde em beneficio das suas populações ainda a tempo de se poder cumprir com as recomendações traçadas pelas Nações Unidas, no quadro do chamado desafio do milénio.
Esta conclusão da OMS, ocorre precisamente a menos de um mês da reunião dos lideres mundiais em Nova Iorque, para a revisão dos progressos conseguidos no quadro dos desafios do desenvolvimento milénio.
A Organização Mundial de Saúde relembra que a construção de sistemas sólidos de saúde impõe-se como um dos pressupostos chave ao alcance das metas traçadas no quadro dos desafios do milénio.
Sem um progresso acelerado e consistente dos sistemas de saúde, adverte a OMS no seu relatório, um grande numero de pessoas vai continuar a morrer anualmente devido a doenças preveniveis.
Nesse cenário, inclui-se os quase 11 milhões de crianças menores de cinco anos, os cerca de um milhão de pessoas que morrem anualmente de malária e os mais de meio milhão de mulheres gravidas ou crianças recém nascidas. E mais, o relatório observa ainda que a pandemia da sida, ceifa anualmente três milhões de vidas.
Carla Abou Zahr, a chefe do sistema da rede de saúde da OMS, chama a atenção para o facto da subnutrição ser a responsável pela maior das mortes.
‘Temos visto que em algumas partes do mundo conseguiu-se ganhos expressivos em termos de redução dos números de casos de subnutrição. Mas, na África Sub-saariana a tendência e a de um aumento do numero de pessoas mal nutridas... e as pessoas que padecem da subnutrição... são concerteza as mais vulneráveis as doenças contagiosas. São mais vulneráveis a morte pela malária e as infecções pelos vírus HIV...’
Os lideres mundiais, de 189 países do mundo traçaram em 2000, os desafios do desenvolvimento do milénio, com oitos dos objectivos ligados à área da saúde. Entre os demais objectivos, inclui-se a redução da pobreza e da fome, o incremento do acesso a água potável e a igualdade de géneros, objectivos aparentemente traçados para serem atingidos até ao ano 2015.
Para Andrew Cassels, director da OMS responsável pelos programas dos desafios do milénio, se a tendência a pauperização continuar, poderá levar 150 anos e não apenas os dez, necessários para se atingir os objectivos traçados para o sector da saúde, no quadro dos desafios do milénio.
Este funcionário da OMS, diz ainda que apenas com um sistema de saúde funcional, capaz de produzir e facultar medicamentos, que saiba reagir às situações de emergência perante as varias doenças, com reflexo ao nível da melhoria das condições de saúde das populações, e poderá o pensar em se atingir tais objectivos preconizados
Algo entretanto difícil de ser conseguido, atendendo o facto de muitos países fazerem em face de uma carência gritante de quadros no sector da saúde, saliente este alto funcionário da OMS.
‘A África, particularmente esta, desesperadamente com falta de técnicos na área da saúde. As pessoas estão abandonar o sector porque as condições em que trabalham estão casa vez mais, piorando. Saem à procura de emprego no sector privado. Abandonam o país ... Zelar pelo sector da saúde não é apenas uma questão técnica, que se pode aprender dos manuais... é igualmente uma questão de atitude política, a forma como os governos definem as prioridades...’
Apesar dos retrocessos, o relatório da Organização Mundial de Saúde faz ainda menção aos casos de sucesso, nomeadamente no sul da Ásia, onde a Índia é mencionada como tendo conseguido progressos significativos no sector da saúde reprodutiva e materna infantil e no combate a tuberculose. O relatório refere-se ainda à Tailândia, Sri Lanka e a Malásia como outros casos de sucesso.
Ainda de acordo com a OMS, estima-se que serão necessários 135 mil milhões de dólares em ajuda ao desenvolvimento com tendência ao seu incremento para 195 mil milhões de dólares até o ano 2015 para que os objectivos do desenvolvimento do milénio sejam alcançados.