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A controversa proposta de alargamento


As Nações Unidas iniciaram ontem os debates sobre a controversa proposta de alargamento do Conselho de Segurança da ONU, a mais 10 assentos, seis dos quais de membros permanentes.

O Brasil encarregou-se de introduzir a já conhecida proposta do grupo dos quatro, antecipando desde logo um debate aceso e polemico.

O embaixador brasileiro Ronald Mota Sardenberg abriu a discussão, ao considerar o actual Conselho de Segurança como algo ultrapassado.

‘O Conselho de Segurança precisa de ser submetido a uma reforma, na qual se inclui a sua expansão em termos de membros permanentes, por forma a que esteja em conformidade com a realidade do mundo contemporâneo.’

O Brasil, a par da Índia, da Alemanha e do Japão, constituem o chamado grupo dos quatro, um grupo tido como uma autentica frente a favor da expansão do Conselho de Segurança da ONU.

A proposta do grupo dos quatro conta com o apoio de 23 países membros da ONU, de entre eles, a França, um dos estados com assento permanente naquele poderoso órgão das Nações Unidas.

Mas a proposta em questão faz igualmente face a uma acérrima oposição de alguns sectores no seio da ONU. Pelo menos duas novas propostas concorrentes surgidas nos últimos dias colocam serias reservas a possibilidade da proposta do grupo dos quatro vir a conseguir os dois terços de votos necessários a sua aprovação pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

De entre os mais acérrimos críticos da proposta do grupo dos quatro, encontra-se o Paquistão, a Itália e o México, países que em alternativa, defendem o alargamento do Conselho de Segurança da ONU em termos de assentos não permanentes.

Num contundente discurso perante a Assembleia das Nações Unidas, o embaixador do Paquistão Munir Akram considerou a proposta do grupo dos quatro como um instrumento que servirá apenas para aumentar a tensão e a divisão no seio da ONU.

Aquele diplomata paquistanês, ridicularizou inclusivé a proposta que acusou de fazer recurso a tácticas pouco éticas.

‘Para agravar as coisas, o interesse próprio tem sido enquadrado como altruísmo. Aqueles que procuram privilégios especiais e mascarados de campeões e defensores dos mais frágeis e despriveligiados, apegam-se a ideia de que o privilégio especial que procuram fará do Conselho de Segurança um órgão mais representativo e que neutralizará o poder dos actuais membros permanentes. A historia foi já testemunha daqueles que proclamaram vir enterrar César, em vez de rezarem por ele...’

O embaixador da China, Wang Guangya foi outro orador a criticar, e de forma dura, a proposta do grupo dos quatro.

Guangya que falou através de um interprete, considerou a reforma do Conselho de Segurança como uma questão altamente sensível e complicada e sugeriu mais tempo para se encontrar uma solução de compromisso.

‘Forçar as coisas, através de uma formula imatura e do voto, é dividir ainda mais os estados e os grupos regionais e enfraquecer a já frágil autoridade das Nações Unidas. Fazendo isso estaríamos desvirtuando os verdadeiros propósitos do processo de reforma do Conselho e Segurança da ONU.’

O representante dos Estados Unidos devera intervir hoje, terça feira, nos debates, mas sabe-se que apesar de Washington tem evitado assumir uma posição definitiva face a proposta do grupo dos quatro, nos corredores da sede da ONU em Nova Iorque e dado assente que os Estados Unidos votariam contra a proposta em questão, caso a mesma fosse levado a votação na Assembleia Geral.

De realçar que os proponentes da proposta contavam ainda ver a proposta votada ainda antes do fim de semana, mas o atraso na chegada de vários altos governantes a Nova Iorque, levanta a possibilidade de novas negociações e quiçá o adiamento da votação final, para meados da próxima semana.

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