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A Crise na União Europeia


Três dias depois dos eleitores franceses terem rejeitado a constituição europeia os holandeses fizeram o mesmo deixando os líderes da União Europeia numa posição bastante difícil. O ponto de vista oficial em Bruxelas, tal como foi apresentado pelo presidente da União Europeia, Durão Barroso, é o de que o processo de ratificação deve continuar apesar da rejeição da constituição pelos franceses e pelos holandeses. Disse Barroso:” Todos os estados membros devem ter a oportunidade de se exprimirem, de dizerem o que querem dizer, de apresentarem o seu ponto de vista. Acho que isso é justo. Todos os estados membros devem ser tratados equitativamente.”

Esse ponto de vista é certamente partilhado pela Letónia onde os legisladores aprovaram ontem a constituição europeia. Quer isso dizer que 0 estados membros representando cerca de metade dos 454 milhões de habitantes da União Europeia já ratificaram o tratado. O ministro dos negócios estrangeiros letão, Artis Pabriks, não concorda com aqueles que dizem que a constituição, que deve ser aprovada pelos 25 países da União Europeia já não tem razão de ser: ” Somos um país independente, um dos 25, e, penso que este tratado que foi negociado durante dois anos é o melhor compromisso que foi possivel encontrar. Sabemos que não se trata de um tratado perfeito, mas temos que avançar e este tratado constitui uma melhor oportunidade para os países mais pequenos e para uma União Europeia alargada no contexto da competição global.”

Pabriks e outros líderes europeus afirmam que se 4 quintos dos estados membros ratificarem a constituição até ao final do próximo ano, a organização pode depois lidar com os problemas dos países que rejeitaram o tratado. Dentro de duas semanas realiza-se uma cimeira da União Europeia em Bruxelas ,e, uma estratégia para fazer frente ao problema será então delineada. Muitos dirigentes europeus são da opinião de que o processo de ratificação deve prosseguir nos outros países. Alguns vão propôr a eliminação de certos artigos da constituição e a elaboração de um tratado secundário de modo a que a organização possa funcionar melhor. A Grã Bretanha por seu turno que pretende evitar um referendo e a possível rejeição da constituição defende a sua eliminação pura e simples. Enquanto isso os líderes europeus estão a tentar perceber porque é que os holandeses , tradicionalmente grandes apoiantes da integração europeia, votaram tão decisivamente contra a constituição. Fala-se do aumento dos preços derivado da adopção do euro, a moeda única. Refere-se também o facto da Holanda ser o principal contribuinte per capita dos cofres da União Europeia. Contudo, Frans Weisglas, um proeminente membro do parlamento holandês acha que os seus compatriotas estão dom medo de perder o controle do seu próprio modo de vida.

Disse Weisglas: ” Eles têm medo de Bruxelas. Bruxelas toma decisões a mais . É só isso. Eles não têm medo da Europa. Mas, tudo está a processar-se depressa demais.”

A Europa encontra-se agora numa difícil encruzilhada. Com a atitude dos eleitores franceses e holandeses provocada em parte pelo alargamento da organização aos países da Europa do Leste, o que é que acontecerá agora com as candidaturas da Bulgária e da Roménia cuja adesão está programada para o ano que vem? isso para não falar das conversações para a adesão da Turquia que devem começar em Outubro. O comissário europeu para o alargamento, Olli Rehn, reconhece que o alargamento desempenhou um papel importante no voto dos franceses e dos holandeses, mas manifestou-se confiante em que a expansão da organização prosseguirá: ”Acho que a melhor resposta é salientar a necessidade de respeitar o mais rigorosamente possível o critério de adesão e essa é a minha principal mensagem para os países candidatos. Por exemplo em relação à Turquia definimos condições bastante rigorosas e claras que aquele país tem que reunir antes de podermos começar as negociações.”

A derrota da constituição em França e na Holanda causou entretanto uma súbita desvalorização do euro , a moeda europeia, que atingiu já um mínimo dos últimos oito meses na sua cotação em relação ao dólar. A esse respeito o antigo presidente do Banco Central europeu Wim Duisenberg afirma que tal situação é uma consequência da incerteza política no continente. Diz Duisenberg :” Há tres governos em dificuldade . Em França, na Alemanha e na Itália. Isso gera incerteza e reflecte-se sempre negativamente na cotação da moeda. A incerteza política impedirá os esforços para a aplicação de mais reformas estruturais que são extremamente necessárias.”

Segundo muitos analistas, apesar do assunto mais premente com que Bruxelas se depara ser a questão da constituição europeia, o facto é que a longo prazo a União Eurpeia necessita de reconciliar a sua necessidade de crescimento económico e emprego com os desejos dos eleitores em paises tais como a França, a Almenha e a Itália que pretendem manter as suas generosas mas insustentáveis benesses sociais

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