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Mais telemóveis do que em toda a América do Norte


Segundo as últimas estatísticas, no ano passado na África ao sul do Saará existiam mais telemóveis do que em toda a América do Norte. E com o índice de penetração do telemóvel a rondar actualmente os 9 por cento naquela região, isso significa que se assistirá a um crescimento ainda maior nos próximos tempos.

Leonard Waverman é professor numa faculdade de economia e Londres, e é o co-autor dum estudo acerca do relacionamento entre a infra-estrutura das telecomunicações e o desenvolvimento económico. Segundo ele o rápido crescimento do sector dos telemóveis na África está a ajudar a diminuir o fosso tecnológico entre aquele continente e o mundo industrializado.

”Dispomos de um novo estudo do banco Mundial que nos indica que o fosso digital entre os países em desenvolvimento e o mundo desenvolvido está a diminuir muito rapidamente. Não por causa dos computadores que são muito dispendiosos, mas sim devido aos telemóveis.”

Segundo Waverman, o sucesso dos telemóveis em África deriva pelo menos parcialmente pela ausência quase generalizada dos telefones convencionais com linhas fixas. Cerca de um século depois da invenção do telefone menos de 1 por cento dos africanos dispõe de telefones fixos.

“Nos países em desenvolvimento, os telemóveis são os principais componentes dos sistemas de comunicações visto que as linhas fixas são muito mais caras e difíceis de instalar. Outra vantagem do telemóvel é a de permitir que o utilizador pague à medida que o vai usando carregando o telefone quando pode fazê-lo.”

Antes dos sistemas de telecomunicações móveis se terem implantado em África pequenas localidades em zonas rurais que não dispunham de sistemas convencionais de comunicação tinham que contar com o transporte para trocar noticias e informações o que não só ocupava muito tempo, como era muito caro.

A economista Diana Coyle, autora de um estudo sobre o impacto das novas tecnologias na globalização afirma que não é surpreendente que as pessoas estejam a gastar até 10 por cento do seu rendimento em telemóveis.

”As pessoas estão dispostas a gastar muito dinheiro visto que acham que são serviços muito valiosos. E, uma das razões é a de que está a fazê-los poupar mais dinheiro em custos de deslocações e transportes.”

Coyle acrescenta que a idade, o sexo, ou os níveis de educação e rendimento não são barreiras para os telemóveis.

“Aquelas coisas que pensamos serem barreiras inultrapassáveis para o acesso aos telemóveis, na realidade não o são. As pessoas, mesmo as mais pobres ou sem electricidade encontram maneiras de usar os telemóveis.”

O sector empresarial está entretanto a aperceber-se dessa realidade. No final de Março, a companhia kuaitiana “Mobile Telecomunications Company” anunciou a compra do terceiro operador de telemóveis em África a “CelTel” por 3 mil e 300 milhões de dólares.

Scott Wallsten, um antigo economista do banco Mundial afirma que os telemóveis e o seu impacto no crescimento económico africano são uma autentica história de sucesso.

“O que isso demonstra é que quando o espirito de empreendimento é recompensado, quando os mercados não são amordaçados, as mudanças acontecem bem depressa, e isso é uma história muito positiva.”

Wallsten adverte no entanto que apesar do uso dos telemóveis em África estar a promover o crescimento económico, aqueles telefones não são por si sós a solução para os problemas do continente.

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