Mas a vitória tem um sabor agridoce para Blair, uma vez que os eleitores rejeitaram candidatos do Partido Trabalhista por todo o país, e a sua controversa decisão de se juntar à guerra no Iraque.
Após o seu encontro com a Rainha Isabel, para confirmar a sua reeleição, Blair disse entender que a guerra no Iraque teve um grande impacto na eleição.
“Sei que o Iraque tem sido uma questão que tem dividido muito o país. Isso tem sido muito claro. Mas também sei, e acredito, que após a eleição as pessoas querem continuar em frente e concentrarem-se no futuro no Iraque, e também aqui.”
Um dos rivais de Blair no distrito de Sedgefield era Reg Keyes, cujo filho soldado foi morto no Iraque. Keyes adverte que a questão Iraque não irá desaparecer depois da eleição.
“Se esta guerra tivesse sido justificada pela lei internacional, teria chorado e não teria feito campanha. Se tivessem sido encontradas armas de destruição massiva no Iraque, de novo, teria chorado e não teria feito campanha. Agora há lições que temos que tirar, e espero sinceramente que um dia o primeiro-ministro será capaz de dizer: ”Lamento.”
O principal rival de Blair, Michael Howard, do partido Conservador, afirma-se pronto a trabalhar com o primeiro-ministro em questões importantes para os conservadores, tais como melhor policiamento e melhores hospitais.
“Os meus parabéns pela vitória. Acredito que chegou a altura dele trabalhar nas coisas que de facto interessam ao nosso povo. E se ele fizer isso, no seu terceiro mandato, terá então o meu apoio total.”
Howard disse também que já não será ele a liderar o partido Conservador na próxima eleição, pois terá então 67 ou 68 anos. O seu anúncio abre caminho à quinta mudança de liderança para os conservadores, desde 1997, conservadores que dominaram em tempos a polícia britânica, mas que nas últimas eleições não conseguiram atrair mais de um terço dos votos.
Para o Partido Trabalhista, a questão é agora a de saber como Blair vai governar, depois de ter perdido cerca de 100 lugares no parlamento. Alguns dos membros Trabalhistas mais rebeldes prevêem que Blair terá problemas em aprovar algumas das suas propostas mais controversas, como prisão domiciliária por tempo indefinido para suspeitos terroristas e a emissão de bilhetes de identidade nacionais.
Blair indicou já que esta foi a sua última eleição, e que tenciona servir todo o seu mandato. Mas com uma maioria Trabalhista mais reduzida no Parlamento, especula-se já se Blair conseguirá ser sucedido pelo seu aparente herdeiro, o ministro das Finanças Gordon Brown.