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Insurgência em Moçambique: Criação de comissão técnica da SADC vista com pessimismo


Palma, Cabo Delgado
Palma, Cabo Delgado

Analistas encaram com bastante pessimismo o facto de uma reunião da Troika da SADC, convocada com muita urgência e com a participação de cinco presidentes, tenha como questão importante a criação de uma comissão técnica para avaliar uma situação que os moçambicanos sabem que é dramática.

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Eles realçam não ser previsível que nas próximas cimeiras deste órgão aconteçam decisões importantes sobre Cabo Delgado.

"Esta decisão de se criar uma comissão técnica pode ser mais do mesmo, ou o princípio de algo mais concreto, ou seja, pode ser o continuar dos adiamentos sucessivos duma resolução sobre o problema de Cabo Delgado, como aconteceu até aqui, com reuniões em que nada se decide", diz o jornalista e analista Fernando Lima.

Lima, que espera que tal grupo produza algo de concreto, que possibilite os ministros e depois os presidentes tomarem uma decisão, lamenta que “uma reunião convocada com a urgência com que foi convocada e que teve a participação de cinco chefes de estado, tenha como questão palpável a criação de uma comissão técnica".

Para aquele analista, esperava-se que algo mais concreto, imediato e palpável fosse atingido neste encontro, "que criou muitas expectativas".

Posição inamovível do Governo

Lima considera que o facto de não ter sido atingido algo concreto tem a ver com a posição de princípio de Moçambique, que parece, até agora, inamovível, relativamente à intervenção de tropas estrangeiras em Cabo Delgado, pelo que é preciso trabalhar mais em soluções diplomáticas, que levem o país a aceitar uma determinada participação de forças externas.

Mas esta não é a perspectiva do analista João Mosca. Na sua opinião, o problema é que os países da África Austral, except, talvez, a África do Sul, não têm capacidade, nem interesse em participar neste conflito que, duma forma directa, não tem consequências nesses países.

Na opinião de Mosca, a própria África do Sul está bastante reservada acerca duma participação directa em termos militares e de segurança, mesmo ao nível do oceano Indico.

Debilidades da SADC

Mosca enfatiza que "quando muito poderá haver alguma colaboração no treinamento das forças e troca de informação. Não estou a ver muito mais, porque debilidades económicas e também políticas desses países são graves, tanto mais que Cabo Delgado não é assunto que afecte directamente esses países".

João Mosca referiu que o interesse da SADC, como região, " é mais uma questão diplomática do que outra coisa qualquer, pelo que não é previsível que nas próximas reuniões da organização aconteçam decisões importantes", sobre a situação em Cabo Delgado.

Pessimista está também a Renamo, que na voz do respectivo chefe do departamento de informação, José Manteigas, esperava que a reunião da Troika "trouxesse uma solução para o conflito em Cabo Delgado, pelo menos para aliviar o sofrimento das pessoas, porque ir averiguar uma situação que todos os moçambicanos sabem que é dramática, é um exercício que não faz sentido".

Manteigas afirmou que a situação em Cabo Delgado "é gravíssima e precisa de uma intervenção urgente, para parar com as mortes que estão a acontecer em Cabo Delgado e minimizar a falta de assistência humanitária às populações".

Apadrinhar fraudes eleitorais

"O que é que se podia esperar duma organização como a SADC, que tal como o Governo de Moçambique, não está preocupada com a morte de inocentes em Cabo Delgado e com milhares de deslocados por causa da guerra"?, interroga-se Sande Carmona, porta-voz do MDM.

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Carmona critica a SADC e a União Africana por "nunca terem prestado apoio a países em conflito em África", sublinhando que se se tratasse de assunto ligado a eleições, "estas organizações já teriam enviado comissões para irem apadrinhar e ajudar o país a fazer fraude eleitoral".

Por seu turno, o analista Raúl Domingos, que é também Presidente do Partido para Paz, Democracia e Desenvolvimento-PDD, diz-se, igualmente, pessimista quanto à posição da Troika da SADC, embora entenda que quando se pretende tomar uma decisão, é importante que se vá ao terreno, para averiguar.

No seu entender, não é de todo descabida a decisão de se criar uma comissão técnica, e o que se pode exigir neste momento, é que haja celeridade no trabalho desta comissão, porque para quem está sem tecto e está a passar fome, não pode esperar muito mais tempo e, para mim, esta comissão técnica já devia ter estado no terreno ontem".

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