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Analistas duvidam que a SADC possa intervir militarmente em Cabo Delgado


Nesta foto de arquivo, um militar moçambicano em exercícios regionais, Lohatla training area, África do Sul, 2015
Nesta foto de arquivo, um militar moçambicano em exercícios regionais, Lohatla training area, África do Sul, 2015

A violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique, vai ser o tema dominante da cimeira da defesa e segurança da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), que terá lugar esta quinta-feira, 9, em Maputo, com a participação de pelo menos seis chefes de estado da região.

Um comunicado do ministério moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação afirma que a cimeira "irá deliberar sobre a situação de instabilidade no norte de Moçambique, resultante da acção de grupos terroristas e do extremismo violento, bem como as modalidades concretas de apoio regional para a sua erradicação".

Em meios políticos e académicos, afirma-se que este encontro impõe-se, dado o agravamento da violência armada em Cabo Delgado e o facto de que, até aqui, a SADC não tem tido um papel activo nos esforços para a sua erradicação, e ainda a circunstância de Moçambique se mostrar relutante quanto à intervenção directa da organização regional no conflito.

Moçambicanos na defesa

Mas algumas correntes de opinião questionam a atitude da SADC relativamente à guerra no norte de Moçambique.

"São opiniões que devem ser respeitadas, mas para mim, quem deve defender o país são os próprios moçambicanos", diz o académico Calton Cadeado.

Para alguns analistas, não parece crível que, nesta cimeira, Maputo peça ou aceite a vinda de forças militares de países da SADC, inclinando-se mais para aspectos de formação.

"Não acredito que seja tomada "uma grande decisão" nesta cimeira de Maputo, “além desta questão de treinamento e capacitação das tropas moçambicanas; esta é a perspectiva de Moçambique", destaca o professor Frederico Ubisse.

Entretanto, o politico Raúl Domingos opina que Moçambique devia aceitar, pelo menos, apoio logístico da SADC, para saber como é que os terroristas se movimentam e como é que se comunicam, para que o contra-ataque seja mais eficaz.

"Para mim, o importante é que se invista na capacitação das forças moçambicanas para que sejam elas próprias a defenderem o seu país, tanto mais que a intervenção tem custos políticos bastante elevados,", considera Borges Nhamire.

Segundo Nhamire, as forças estrangeiras só têm data de chegada e não de partida.

Por seu turno, Frederico Ubisse realça que se vierem tropas de outros países a Moçambique, "teremos uma situação semelhante àquela que se vive no Mali ou no Congo, e era bom que isso fosse evitado."

O encontro junta a chamada Cimeira da Dupla Troika da SADC, que integra os países das troikas do Órgão de Defesa e Segurança e da Troika desta organização regional, e realiza-se quase 15 dias depois do largamente mediatizado ataque à vila de Palma.

Informações não confirmadas pelas autoridades nacionais dizem que Portugal vai enviar cerca de 60 militares para reforçar a ajuda na formação de forças especiais de Moçambique.

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