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EUA: Depois de controvérsia, Trump muda data de comício em Tulsa


Imagem de arquivo: Presidente Donald Trump num comício em Charlotte, 2 de março, 2020. REUTERS/Lucas Jackson/
Imagem de arquivo: Presidente Donald Trump num comício em Charlotte, 2 de março, 2020. REUTERS/Lucas Jackson/

O presidente dos EUA, Donald Trump, mudou a data controversa do seu primeiro comício político desde que boa parte do país esteve fechada para impedir a propagação do coronavírus.

Num tweet no final do dia de sexta-feira, 12 de junho, o presidente disse que o comício de Tulsa, Oklahoma, vai ser realizado no dia 20 de junho em vez de 19 de junho.

O 19 de junho, também conhecido como Juneteenth, é a data em 1865 em que os escravos no Texas foram informados de que estavam livres, quase 2 anos e meio após a Proclamação de Emancipação do Presidente Abraham Lincoln. É comemorado em todo o país como o fim da escravatura nos Estados Unidos da América.

"Muitos dos meus amigos e apoiantes afro-americanos sugeriram que considerássemos mudar a data. Em respeito a este feriado, e observando essa importante ocasião e tudo o que ele representa. Decidi, portanto, mudar o nosso comício para sábado, 20 de junho, para honrar os seus apelos", publicou Trump no Twitter.

O presidente foi amplamente criticado pela data e pelo local do comício, porque eles são significativos na história do racismo brutal que os afro-americanos enfrentaram nos Estados Unidos.

A manifestação deste mês ocorre enquanto protestos em todo o país condenam o racismo sistémico nos EUA.

Em 1921, houve um ataque violento de brancos em Tulsa ao que era conhecido como Black Wall Street, uma seção afro-americana da cidade. Os historiadores dizem agora que pelo menos 300 pessoas foram mortas. Durante anos, o número oficial de mortos era em torno de 30.

Sherry Gamble Smith, presidente da Câmara de Comércio de Black Wall Street em Tulsa, disse que Trump ir a Tulsa em 19 de junho era como "uma chapada na cara". Ela sugeriu que ele viesse no dia seguinte.

A senadora Kamala Harris, da Califórnia, ex-candidata democrata para as eleições de novembro, publicou no Twitter que o comício de 19 de junho em Tulsa não era "apenas uma piscadela para os supremacistas brancos - ele está a dar-lhes uma festa de boas-vindas".

A secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, disse na quinta-feira que a comunidade afro-americana é "muito próxima e querida" do "coração" do presidente.

Comício em Tulsa

O comício será realizado no Centro BOK de Tulsa, com capacidade para quase 20mil pessoas. Meghan Blood, diretora de marketing do centro, disse à Associated Press na quinta-feira que não havia sido informada de nenhum plano de distanciamento social ou de outras precauções contra o coronavírus.

Um aviso foi emitido no site de registo de ingressos para o comício do presidente, absolvendo a campanha de Trump de qualquer responsabilidade por qualquer exposição ao COVID-19 e a qualquer doença.

As próprias autoridades de saúde pública do presidente alertaram contra grandes reuniões, já que as mortes pelo COVID-19 continuam a aumentar e instaram as pessoas a pelo menos usar máscaras em público, algo que Trump se recusou a fazer.

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