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Polícia angolana impede com bastonadas manifestação contra o desemprego


Laurinda Gouveia, activista angolana (grávida) numa manifestação em Luanda contra o desemprego
Laurinda Gouveia, activista angolana (grávida) numa manifestação em Luanda contra o desemprego

Duas dezenas de activistas angolanos que pretendiam manifestar-se contra o alto nível de desemprego em frente à sede da Assembleia Nacional, em Luanda, nesta terça-feira, 15, foram dispersadas pela Polícia Nacional (PN) à bastonada ainda antes de chegar ao local.

O protesto, organizado por elementos do auto-denominado Movimento Revolucionário, conhecido por "Revús", pretendia aproveitar a ida do Presidente João Lourenço ao Parlamento, onde apresentou o seu discurso sobre o estado da nação.

Os activistas dizem, no entanto, que foram ameaçados e impedidos de chegar ao local, até ao limite permitido por lei.

Gonçalves Miguel, um dos participantes, disse à VOA que vários foram detidos.

"Estávamos a nos juntar, a polícia chegou com bastões, começou a bater e a dispersar-nos”, acescentou.

Eles trajavam t-shirts com dizeres como “PR João Lourenço mentiu o povo", "nos veremos em 2022" e “a revolta está preparada".

Além de palavras de ordem, os “revús” empunhavam cartazes com dizeres como "A voz do povo é a voz de Deus, exigimos os nossos 500 mil empregos".

Polícias bate em manifestantes em Luanda, quando estes participavam numa manifestação contra o desemprego
Polícias bate em manifestantes em Luanda, quando estes participavam numa manifestação contra o desemprego

Ameaçados pela PN

Geraldo Dala, porta-voz dos promotores da iniciativa, disse que a PN acusou o grupo de activista de pretender levar a cabo acções que visam “desestabilizar o país”.

Geraldo Dala acrescentou que, para “consumar” o acto “intimidatório”, o Comando Provincial de Luanda convocou na manhã de ontem, segunda-feira, via telefone o “grupo organizador da marcha contra o elevado índice de desemprego no país” para um interrogatório.

Além dele, foram também chamados, Gonçalo Miguel, Marinela Pascoal, Suria Kambinda e Paulo de Melo.

Junto de altas patentes da PN, do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SINSE), os activistas receberam a “ordem” para não realizarem o protesto, sob pena de serem detidos por crime de desobediência e instabilidade ao país.

“Fomos interrogados, proibidos de nos manifestarmos e ameaçados de detenções, caso insistirmos em sair à rua”, reiterou Geraldo Dala.

Para ele o comportamento da Polícia Nacional evidencia que, ao contrário dos “discursos bonitos” do Presidente da República," o país não mudou" e que as forças da ordem continuam alimentadas por uma “ditadura, agora à moda de João Lourenço”.

A PN prometeu pronunciar-se mais tarde.

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