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Índia: Agricultores em protesto bloqueiam estradas


Polícia detém activistas de várias organizações na sequência do bloqueio das estradas, numa acção lideradas por agricultores contra as novas leis. Hyderabad, India, Fev. 6, 2021.
Polícia detém activistas de várias organizações na sequência do bloqueio das estradas, numa acção lideradas por agricultores contra as novas leis. Hyderabad, India, Fev. 6, 2021.

Milhares de agricultores indianos bloquearam estradas no país neste sábado, 6 Fevereiro, enquanto intensificavam o seu protesto de 10 semanas para exigir a revogação de três leis agrícolas.

Em alguns lugares, os agricultores usaram tractores e pedras para bloquear estradas, em outros entoaram slogans e agitaram bandeiras ou agacharam-se ao longo de estradas por três horas no que é visto como um protesto "simbólico".

Quase 50 mil membros da segurança foram destacados na capital indiana, cujo acesso o governo bloqueou aos fazendeiros com barreiras de cimento e aço e arame farpado fora de três locais principais onde os manifestantes estão acampados desde o final de Novembro.

Agricultores indianos bloqueiam estradas
Agricultores indianos bloqueiam estradas

Os manifestantes, no entanto, disseram que não farão o bloqueio de estradas na capital, que testemunhou violência e confrontos quando alguns agricultores romperam as barricadas da polícia durante um comício a 26 de Janeiro.

Embora se esperasse que os protestos diminuíssem, eles ganharam um novo ímpeto nos últimos dias, com milhares juntando-se aos locais de protesto nas fronteiras de Nova Delhi e jurando não regressar até que as leis contenciosas sejam canceladas.

O governo diz que as leis em questão vão reformar a agricultura indiana, vão atrair investimentos privados e melhorar a renda, mas os agricultores temem que acabarão por eliminar o apoio estatal para as culturas e prejudicar os seus meios de subsistência.

O governo defendeu as leis no parlamento na sexta-feira, 5 Fevereiro, e disse que os agricultores foram "induzidos" a acreditar que as leis acabariam por lhes tirar as suas terras. O ministro da Agricultura, Narendra Singh Tomar, disse ter dito aos agricultores que o governo está preparado para alterar as leis "embora não haja nada errado com elas". Mas ele não se ofereceu para retomar as negociações paralisadas.

À medida que os protestos continuam em espiral, eles atraem a atenção internacional. Horas antes do início dos bloqueios de estradas, o escritório de direitos humanos das Nações Unidas pediu aos agricultores e às autoridades indianas que "exercessem o máximo de contenção".

"Os direitos de reunião e expressão pacíficas devem ser protegidos tanto offline quanto online", disse o escritório no Twitter na sexta-feira. "É crucial encontrar soluções equitativas com o devido respeito aos #HumanRights para todos."

Em declaração na quinta-feira, a Embaixada dos Estados Unidos em Nova Delhi disse que incentiva as diferenças a serem resolvidas por meio do diálogo e descreveu os protestos pacíficos como uma "marca registada" de uma "democracia próspera".

"Em geral, os Estados Unidos acolhem com agrado medidas que melhorem a eficiência dos mercados indianos e atraiam mais investimentos do sector privado", acrescentou o comunicado.

Celebridades como Rihanna e a defensora do meio ambiente Greta Thunberg twittaram o seu apoio aos agricultores.

A maioria dos agricultores que protestavam acampados nas fronteiras de Delhi vem dos estados vizinhos de Punjab, Haryana e Uttar Pradesh, mas os líderes agrícolas dizem que têm o apoio da comunidade rural de todo o país.

Após a violência na capital indiana há dez dias, aumentou um déficit de confiança entre os agricultores e o governo, especialmente depois que os locais de protesto foram fortemente barricados, de acordo com analistas políticos.

A polícia afirma que as barricadas são necessárias para garantir que a violência que assolou a capital não se repita. Alguns agricultores e líderes da oposição, no entanto, chamaram as fortificações de "belicosas".

“É sem precedentes ver o governo literalmente barricando a si mesmo e sua sede de poder - Delhi”, escreveu o analista político Suhas Palshikar no jornal Indian Express, dizendo que envia uma mensagem dupla. "Uma é uma mensagem de desconfiança e desconsideração, a outra é a mensagem de que o poder e as pessoas estão claramente separados."

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