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África do Sul: Cyril Ramaphosa presta homenagem a Frederik de Klerk como homem de “coragem”


O presidente Cyril Rampahosa com a viúva do Frederik de Klerk, Elita de Klerk
O presidente Cyril Rampahosa com a viúva do Frederik de Klerk, Elita de Klerk

Manifestantes protestaram contra cerimónia oficial em que o actual presidente disse que De Klerk será lembrado pela “coragem das suas convicções”

O presidente da Cyril Ramaphosa descreveu hoje o último dirigente do regime de minoria branca, Frederik Willem de Klerk como um líder de “coragem” que jogou ”um importante papel na evolução” da democracia sul-africana.

Ramaphosa falava numa cerimónia oficial numa das mais velhas igrejas do país, a Groote Kerk na Cidade do Cabo.

“Muitos interrogam-se porque razão quisemos ter um uma cerimónia fúnebre estatal para FW de Klerk e nós dissemos que iriamos ter esse cerimónia porque ele é uma pessoa que jogou um papel importante na evolução da nossa democracia”, disse Ramaphoa para quem “quer tenhamos concordado com ele ou não devemos deixa-lo ir para que descanse em paz”.

De Klerk que foi o último presidente do regime do “apartheid”,morreu de cancrovna Cidade do Cabo no passado dia 11 de Novembro e foi sepultado em lugar desconhecido numa cerimónia privada.

Na cerimónia oficial de hoje, o actual presidente sul-africano recordou o discurso de 2 de Fevereiro de 1990 em que De Klerk anunciou a legalização dos movimentos de libertação e a libertação de Nelson Mandela e outros presos políticos como “um acto de coragem”.

Nelson Mandela e Frederik de Klerk com o Arcebispo Desmond Tutu
Nelson Mandela e Frederik de Klerk com o Arcebispo Desmond Tutu

“ Ao tomar dessa decisão ousada De Klerk aceitou o apelo de Nelson Mandela, que embora ainda preso, disse aos governantes do apartheid que o único meio de resolver o que chamou de crise perpétua no país era através de negociações entre o ANC e o governo do Partido Nacional”, disse Ramaphosa que sublinhou que De Klek tinha enfrentado elementos da etnia afrikaner que queriam manter o sistema em vigor então.

“Ao tomar essa decisão ousada FW de Klerk foi contra o seu partido e contra muitos sul-africanos brancos que tinham sido ensinados a recear o chamado “swart gevaar” ( perigo dos negros), que tinham crescido a aprender a recear o governo da maioria e a verem as aspirações dos negros como uma ameaça ao seu estilo de vida, a sua cultura e mesmo a sua existência”, disse o presidente sul-africano.

“De Klerk foi contra membros do seu aparelho de segurança estatal e contra alguns que estavam prontos a pegar em armas para preservar o sistema”, acrescentou o presidente sul-africano.

Um pequeno grupo de manifestantes concentrou-se em frente à igreja para protestar contra a cerimónia estatal e o Comité de Crise Nacional das Pessoas Negras disse que a cerimónia foi “uma chapada na cara” da população negra do país.

Os manifestantes empunhavamm disticos afirmando “a justiça foi negada” e foram afastados do local pela polícia

Cyril Ramphosa lembrou que De Klerk foi um homem cuja vida decorreu nos parâmetros das “crises, triunfos, complexidade e contradições do país”.

Falando na língua afrikaanse o chefe de estado sul-africano diss que De Klerk “presidiu a um sistema injusto mas teve a coragem das suas convicções para seguir numa direcção diferente pelo seu partido e pelo seu povo”.

“Por isso ele será sempre lembrado por nós”, acrescentou

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