UA cria força militar para combater Boko Haram

Sala plenária da sede da União Africana, em Adis Abeba

Decisão foi anunciada na abertura da cimeira em Addis Abeba

A União Africana manifestou apoio esta sexta-feira, 30, aos planos de criação de uma força regional de 7.500 homens para combater o grupo militante Boko Haram.

A notícia foi revelada na abertura da cimeira anual da organização que iniciou hoje na capital etíope, Addis Abeba.

A Nigéria, os Camarões, o Chade, o Níger e o Benim concordaram recentemente em trabalhar em conjunto contra os militantes do Boko Haram, que já mataram milhares de civis na Nigéria e controlam grandes áreas do Estado de Borno, junto à fronteira com os Camarões, e o Lago Chade.

O Comissario do Conselho de Paz e Segurança da União Africana indicou que o plano vai ser submetido ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Testemunhas indicam que tropas chadianas já se encontram activas na Nigéria, tendo recuperado, na quinta-feira, uma aldeia ao Boko Haram.

O Boko Haram e o surto de ébola na África Ocidental devem estar no topo da agenda da cimeira, em que os dirigentes africanos elegeram o presidente do Zimbabwe como novo presidente a União Africana.

Grupos da sociedade civil criticaram a escolham, sustentando que Robert Mugabe tem um historial de abuso dos direitos humanos, o que o desqualifica para desempenhar um papel cerimonial.

No discurso de abertura da cimeira, o secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon apelou aos dirigentes africanos para não se agarrarem ao poder.

Ban sublinhou que os dirigentes modernos não podem ignorar os desejos e as aspirações daqueles que representam.

Os dirigentes africanos têm encontrado nos seus países uma crescente resistência a tentativas de prolongar os seus mandatos.

Na semana passada, opositores do presidente congolês Joseph Kabila forçaram alterações à nova lei eleitoral que, na sua forma inicial, teria permitido ao presidente permanecer no cargo durante a realização de um recenseamento populacional.

Em Outubro, o presidente do Burkina Faso Blaise Compaore foi forçado a demitir-se após 27 anos devido a protestos contra a alteração constitucional do limite de mandatos.