Terroristas matam três pessoas numa aldeia em Cabo Delgado

Centro de Saúde de Macomia, Cabo Delgado, Moçambique

Entre as vítimas estão um parente do administrador de Nova Zambézia e um líder religioso

Um novo ataque alegadamente atribuído do grupo terrorista filiado ao Estado Islâmico fez três mortos no sábado 1, na aldeia Nova Zambézia, em Macomia, naquilo que a população local descreve como ofensiva de retaliação após a captura da principal base dos terroristas em finais de Dezembro pela tropa conjunta de Moçambique e Africa do Sul.

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Terroristas matam três pessoas numa aldeia em Cabo Delgado

“Eles entraram a atirar à noite (do dia 1 de Janeiro) e três pessoas, todas adultas, foram atingidas mortalmente pelos disparos”, na aldeia Nova Zambézia, disse à VOA nesta segunda-feira, 3, Salimo Zanir, um morador local, descrevendo o pânico numa área que tem experimentado uma “generosa estabilidade” com a presença de tropas estrangeiras.

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Forças conjuntas de Moçambique e África do Sul, integradas no contingente da Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral (SADC), SAMIM, nas suas siglas em inglês, anunciaram a ocupação de uma base dos jihadistas no distrito de Macomia, em Cabo Delgado, onde se encontrava Bonomado Omar, tido como um dos principais líderes da insurgência.

Entretanto, segundo Salimo Zanir, “mês após mês a situação está a ficar mais complicada” nalgumas aldeias de Macomia.

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Niassa em 2021

Outro morador que pediu o anonimato disse pelo telefone que entre as vítimas constam dois parentes do administrador de Macomia e um líder religioso da aldeia que fica junto à única estrada de asfalto que liga Pemba a Palma, passando por Mocímboa da Praia, e que é controlada pela tropa ruandesa.

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“Um é primo do administrador, o segundo é tio do administrador e a terceira pessoa, um líder religioso natural da Nova Zambézia”, afirmou, acrescentando que o ataque foi rápido, mas deixou muito sofrimento.

E anotou que “muitos bens, sobretudo comida levaram tudo” na aldeia, num saque sem igual.

A aldeia foi atacada duas vezes em Dezembro pelo grupo de inspiração radical islâmica, tendo num dos ataques decapitado um homem e forçado um grupo de mulheres a levar a cabeça deste a apresentar numa posição das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

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A Polícia em Cabo Delgado não respondeu ao pedido de comentário à VOA.

Mais a leste de Macomia, o grupo invadiu a aldeia Nangororo, no distrito de Meluco, na noite de domingo, 2, queimando e saqueando uma barraca, quando passavam para o interior, relataram nesta segunda-feira, 3, vários moradores locais por telefone.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse recentemente que o ano de 2022 deve ser decisivo na luta contra o terrorismo e exigiu, durante uma parada militar no quartel de Mueda, das forças militares a captura imediata ou eliminação física dos lideres da insurgência que operam nas províncias de Cabo Delgado e Niassa.