Terceirização de serviços de Saúde em Benguela recebe críticas

Pediatria do Hospital Municipal de Benguela, Angola

Intenção do Governo provincial alarma a população em tempos de crise

Técnicos do sector da Saúde juntam-se à opinião pública nas críticas a uma proposta para a privatização do laboratório central do Hospital de Benguela, prestes a passar para gestão de uma empresa portuguesa.

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Benguela: Receios de privatização de serviços hospitalares - 2:30

A população teme não poder as despesas, tal como acontece no Banco Externo, já com serviços entregues a entidades privadas.

A VOA sabe que a proposta do Governo de Isaac dos Anjos fala na terciarização de serviços, mas vários profissionais de saúde não vão na conversa, tendo em conta o que se assiste no Banco Externo.

As análises, que até há bem pouco tempo custavam 300 kwanzas, valor referente à chamada comparticipação, subiram para mil kwanzas, qualquer coisa como sete dólares ao câmbio oficial.

Outros serviços, como são de ortopedia e fisioterapia, conheceram igualmente um aumento significativo do preço, dando lugar, segundo uma fonte com mais de 10 anos de casa, a reduções na procura da actividade da maior unidade hospitalar de Benguela.

O paciente é obrigado a levar as mãos ao bolso também no acesso aos medicamentos, ora em farmácias privadas, ora no próprio Hospital Central.

Agora, a proposta para o laboratório central está a gerar uma onda de insatisfação, extensiva à Igreja Católica.

“Obviamente que é uma situação que nos entristece, já que a saúde deve ser dada de graça, sobretudo aos mais pobres. Nós, Igreja Católica, procuramos ajudar, tal como se viu em 2016, quando colocamos à disposição medicamentos para a malária, a preço módico, mas já não temos’’, reage o bispo da Diocese de Benguela, Dom Eugénio Dal Corso.

Questionado pela VOA, o director provincial da Saúde, Bernabé Lemos, diz que há aproveitamento político, mas não desmente as informações disponíveis.

“Não se passa nada. O que notamos é um aproveitamento político’’, indica o dirigente, que não respondeu à pergunta sobre privatização ou terciarização de serviços, remetendo tudo para o “momento certo”.

Francisco Viena, jurista e secretário executivo da CASA-CE em Benguela, revelou estar a pensar numa providência cautelar para travar os intentos do Governo provincial.