Protestos em Ferguson: "decisão demonstra injustiça racial"

Polícia de guarda a edifícios que foram incendiados em Ferguson

O pai de Brown diz que ferir outros ou destruir bens e propriedade não é resposta à injustiça racial

A cidade de Ferguson viveu os seus piores momentos de instabilidade em meses depois de um Grande Júri ter decidido não indiciar um polícia branco que matou a tiro um jovem negro desarmado.

Os protestos violentos irromperam quando foi anunciado que não seriam feitas acusações contra o agente Darren Wilson pela morte de Michael Brown, de 18 anos, em Agosto último.

O chefe da polícia do condado de St. Louis, Jon Belmar, disse que dezenas de edifícios foram incendiados, e na sua maior parte destruídos. Não há notícias de feridos. Foram feitas 29 detenções .

Belmar disse que as lojas agora destruídas poderão nunca mais ressurgir.

A polícia usou gás lacrimogénio para dispersar os manifestantes, alguns dos quais incendiaram carros da policia e lançaram objectos à polícia.

Outras cidades americanas em protesto

Na Times Square, em Nova Iorque, os manifestantes empunhavam sinais contra a “tirania policial” e entoavam “Mãos ao Alto, Não disparem” – palavra de ordem que se popularizou em vários comícios anti-polícia.

Em Oakland e Chicago os manifestantes encheram as vias rápidas, e bloquearam o movimento dos carros.

A família de Michael Brown, que apelou ao comedimento, afirmava em comunicado estar “profundamente desapontada” com a decisão.

Os advogados de Darren Wilson disseram que a decisão do Grande Júri prova que o oficial “seguiu o que aprendeu no treino e obedeceu à lei” durante o confronto com Brown.

A Casa Branca divulgou um comunicado em que o presidente Barack Obama reconhece que alguns “estão profundamente desapontados” com a decisão mas apelou aos manifestantes para se manterem pacíficos.

O procurador-geral, Eric Holder, indicou que prosseguem as investigações federais ao incidente e ao Departamento da Policia de Ferguson para saber se usa praticas inconstitucionais. Descrevendo a morte de Brown “uma tragedia” Holder disse que “muito mais terá que ser feito para criar a confiança duradoura entre as agências da lei e as comunidades que servem.

Há versões diferentes sobre o que aconteceu no dia 9 de Agosto. Os advogados da família Brown dizem que o jovem estava a tentar render-se quando o polícia disparou. Os apoiantes de Wilson sustentam que ele disparou em autodefesa.

O procurador do condado de St. Louis, Robert McCulloch, disse que o Grande Júri esteve reunido 25 dias e ouviu 70 horas de depoimentos de 60 testemunhas. Acrescentou que grande parte dos depoimentos contradiziam as provas no local do incidente e que muitos mudaram, mais tarde, as suas versões do acontecimento, admitindo que não tinham testemunhado o confronto.

O mortal confronto originou semanas de protestos e pilhagens. A alimentar a tensão esteve também a resposta muitas vezes demasiado dura da policia que recorreu a veículos blindados e gás lacrimogénio.

O pai do jovem Brown apelando à paz dizia, num vídeo, que ferir outros ou destruir propriedades e bens “não é resposta” à frustração sobre o que é visto como injustiça racial.