PR de Cabo Verde diz que pandemia "desconstruiu de forma brutal a economia", mas que resistiu

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Jorge Carlos Fonseca, Presidente de Cabo Verde, e António Guterres, secretário-geral da ONU, 21 de Setembro de 2021

Jorge Carlos Fonseca pediu atenção especial aos pequenos países insulares

O Presidente cabo-verdiano exaltou na Assembleia Geral das Nações Unidas as vitórias do país e a sua capacidade de resistência, principalmente durante a pandemia que desconstruiu de forma brutal a economia do arquipélago.

No seu último discurso ante a plenária da ONU, , nesta quarta-feira, 22, antes de deixar a Presidência em Novembro, Jorge Carlos Fonseca também fez um apelo à comunidade internacional para olhar para os pequenos países insulares e realçou a aposta de Cabo Verde no multilateralismo.

“O surgimento da Covid-19, principalmente o seu impacto sanitário, económico e social, desconstruiu de forma brutal, a economia que vinha crescendo em cerca de 6%, atacando as principais bases de sustentação, como os sectores do turismo, dos transportes e da demanda interna, causando desproteção social, desemprego e aumento da pobreza”, disse Fonseca, depois de ter destacado os progressos do pequeno país arquipelágico desde o período de colonização até a presente data.

Cabo Verde conseguiu sair de um país inviável, segundo muitos, em 1975, para país de rendimento médio devido às suas escolhas do “multilateralismo, da cooperação internacional e de parcerias estratégicas, a boa governança fundada no Estado de Direito, paz, segurança, promoção e protecção dos direitos humanos, paridade do género e Inclusão e a luta contra a pobreza e a desigualdade”.

Com a crise provocada pela pandemia, Fonseca notou que o país “não reagiu com resignação”, mas tomou todas as medidas anticrise recomendadas internacionalmente, permitindo assim reduzir as taxas de transmissão e aumentar a taxa de vacinação contra a Covid-19.

“Temos reflectido e referido, amiúde, que ela também é uma crise que encerra oportunidades, interpelando, para o efeito, as gerações em situação de responsabilidade no presente como as futuras, os jovens em primeira linha”, sublinhou Jorge Carlos Fonseca.

Os problemas e desafios que enfrentam os países pequenos e insulares também foi destaque na intervenção do Presidente cabo-verdiano, quem apontou a Cimeira do Futuro, anunciada pelo secretário-geral, como “uma oportunidade que se nos oferece para a tomada de decisões que venham ao encontro das especificidades e dos legítimos interesses e aspirações deste grupo de países, de entre os mais vulneráveis da família das Nações Unidas, não deixando nenhum para trás".

A terminar, Jorge Carlos Fonseca defendeu que “a revitalização da ONU passa pela necessidade de uma reforma do Conselho de Segurança, que possa conferir uma maior abrangência dos Estados-membros na tomada de decisões atinentes à paz e segurança internacionais. Enquanto, membro da União Africana, Cabo Verde subscreve integralmente o consenso de Ezulwini".