Polícia diz desconhecer assassinatos por encomenda em Angola

Redes sociais revelam conversa de suposta "encomenda"

As autoridades angolanas dizem desconhecer grupos alegadamente formados por antigos polícias ou soldados que matam por encomenda, mas o director do jornal O Crime, Mariano Brás, garante que a prática existe e que a polícia tem conhecimento do assunto.

O tema volta a debate em Angola depois da fuga de uma conversa, nas redes sociais, entre um empresário angolano e um suposto indivíduo pertencente a uma quadrilha que combinava a eliminação física de um cidadão, por estar a se relacionar com a sua amante.

O jornalista Mariano Brás diz não haver dúvidas da existência de grupos em Angola que são pagos para tirarem a vida de outros por encomenda.

“Existem sim, os conhecidos assassinatos por encomenda, e são quadrilhas que se dedicam a isso. Se quiseres te livrar de alguém é só fazer um telefonema e já está”, diz Brás.

Mariano Brás

O também director do jornal O Crime afirma que a existência de quadrilhas para assassinatos de personalidades é mais caro do que de um simples cidadão e que a prática é do conhecimento das autoridades angolanas.

“Se for um político começa nos 10 milhões de kwanzas para cima e se for cidadão comum 100 mil ou menos. Devo lembrar que os grupos são constituídos na sua maioria de ex-polícias, ex militares ou mesmo polícias no activo. E a polícia sabe isso, atenção que isto não é novo” alertou.

Entretanto, Mateus Rodrigues, porta-voz do Gabinete de Comunicação Institucional da Delegação Provincial do Ministério do Interior, diz que as autoridades desconhecem a existência de tais grupos no país.

“É inédito para nós, é pela primeira vez”, disse Rodrigues, salientando, no entanto, que os envolvidos na tal conversa já estão a contas com a polícia.

“As autoridades já tomaram providências neste caso”, garantiu o porta-voz do Gabinete de Comunicação Institucional da Delegação Provincial do Ministério do Interior.

Refira-se que muitos assassinatos não têm tido qualquer esclarecimento e que o jornalista e investigador Rafael Marques entregou no ano passado ao Governo um relatório sobre os chamados "esquadrões da morte", nesses casos virados para eliminar alegados criminosos comuns.