PM são-tomense refuta conclusões sobre consumo de álcool por menores que diz desconhecer

Jorge Bom Jesus acusa pesquisadora Isabel de Santiago de "falta de patriotismo"

O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus, rejeitou a conclusão de um estudo da pesquisadora Isabel de Santiago, que concluiu que as crianças bebem mais álcool do que leite, e prometeu "averiguar" o conteúdo do mesmo.

As conclusões finais do estudo da pesquisadora portuguesa mas natural de São Tomé e Príncipe, do Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Universidade de Lisboa (FMUL), sobre o consumo de álcool e drogas pelos jovens são-tomenses, serão publicadas em Junho na revista Acta Médica Portuguesa.

A especialista em saúde pública entrevistou mais de 16 mil alunos do ensino público e concluiu que cerca de 58 por cento dos rapazes e 43% das meninas em idade escolar consomem álcool.

"Eu lamento profundamente", disse Jorge Bom Jesus aos jornalistas neste sábado, 4, durante a cerimónia oficial de celebração do Dia do Rei Amador, em São Tomé, e prometeu uma resposta no momento prórpio.

"O Governo tem responsabilidades e nós precisamos, de facto, de averiguar essas informações, esses documentos, se é que houve inquérito, estatísticas. Queremos ver a própria cientificidade destes estudos", acrescentou Bom Jesus ,,que disse refutar "liminarmente esta tese" de que as crianças bebem mais álcool do que leite.

"No país bebe-se muito chá, tradicionalmente, muitas infusões. Pode haver um ou outro caso esporádico, como existe em qualquer país, relativamente ao alcoolismo, mas em relação a esta faixa etária de criança é quase uma caricatura", disse o Chefe do Executivo que acusou a investigador de “falta de espírito patriótico”, em virtude da pesquisadora ser natural de São Tomé e Príncipe.

Uma das constatações de Isabel Santiago é a inexistência de uma política de comunicação e educação em saúde, de estudos sobre o consumo de álcool e drogas pelos jovens e uma pobreza extrema.

Além disso, ressalta, o acesso às bebidas alcoólicas gera indiretamente um aumento do número de casos de abusos sexuais.