PGR ‘’aperta’’ ex-administrador do Lobito por suspeitas de desvio de fundos públicos

Lobito

Procuradoria diz que ‘’há muitos processos de peculato’’ em Benguela

No último interrogatório de um processo-crime em que é arguido, ocorrido há uma semana, o antigo administrador municipal do Lobito (província de Benguela), Amaro Ricardo, viu saltar para a praça pública acusações de má gestão de cinco milhões de dólares, venda ilegal de terrenos, desvio de equipamentos para obras, entre outras.

Estas acusações, já refutadas pelo visado, fazem parte de um informe endereçado à Procuradoria-geral da República, que aponta para várias investigações decorrentes de denúncias de cidadãos.

Exonerado do cargo há três anos, Amaro Ricardo Segunda está a contas com o Ministério Público por suspeitas de crimes de peculato, que têm natureza similar aos que um grupo de cidadãos apresentou ao procurador-geral da República.

À aludida gestão danosa de cinco milhões de dólares do Fundo Municipal, os subscritores da queixa juntam o que chamam de retirada de 500 mil dólares dos cofres do Estado, venda ilícita de terrenos do caminho-de-ferro e desvio de equipamentos disponibilizados pelo Ministério da Construção.

Em resposta, também por via de uma carta, Amaro Ricardo Segunda, que confirma a sua condição de arguido, diz ter constituído uma equipa para gerir fundos que potenciaram empresas locais e fala em assuntos caluniosos e difamatórios.

Na referência a um documento que associa a ‘’cidadãos fisicamente desconhecidos’’, o ex-administrador do Lobito salienta que nunca retirou bens do Estado para proveito próprio.

Este braço-de-ferro acontece numa altura em que o sub-procurador geral da República titular de Benguela, Herculano Saculanda, manifesta satisfação pelo aumento de denúncias, mas lamenta a escassez de magistrados face à demanda processual.

‘’Há muitas denúncias que deram lugar a processos em instrução, por isso estamos satisfeitos. Há muitos processos de peculato, pessoas detidas. Esperamos por mais denúncias de males que fizeram mal à sociedade. Existem muitos casos em segredo de justiça’’, salienta o magistrado.

Influente figura do Comité Provincial do MPLA, partido que dá primazia ao combate à corrupção, o empresário Octávio Pinto encoraja a justiça na perseguição a gestores que prejudicaram milhares de angolanos.

"Os estatutos do MPLA dizem ‘não à corrupção’. Então, eu aconselho… aliás, incentivo mesmo que esta luta vá avante, o erário público, que deriva dos impostos que todos nós pagamos, foi roubado, é mesmo esse o termo. Portanto, o MPLA não vai defender quem mexeu, a luta segue nem que, como disse o camarada Presidente, dirigentes de grande nível tenham que tombar’’, conclui Pinto.