Os desafios de Ossufo Momade após a morte do dissidente Mariano Nhongo

Líder da Renamo, Ossufo Momade, em campanha eleitoral para as eleições de 15 de Outubro em Moçambique

Analistas apontam a união do partido e maior protagonismo na vida política

Ossufo Momade tem agora a oportunidade de reunificar a família Renamo, ter uma participação mais activa na vida política moçambicana e reforçar a sua liderança no Partido, que era posta em causa por um grupo significativo de militantes, tendo Mariano Nhongo como testa de ferro.

Esta é a leitura de analistas moçambicanos.

Momade foi eleito Presidente da Renamo num congresso que, para alguns quadros seniores do partido, foi exclusivo, no sentido de que alguns congressistas foram marginalizados durante a realização do evento.

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Nhongo chegou, inclusive, a sugerir a realização de um outro congresso.

Em privado, o líder dissidente morto em combate dizia que o seu conflito fundamental era com Ossufo Momade, sendo por isso que resistiu à desmobilização, para, à luz da disciplina partidária, não estar sob as ordens do actual presidente da Renamo, a quem não reconhecia competência nem capacidade para esta função.

Nhongo tinha também conflito com o Estado moçambicano porque o Governo "não cumpriu" aquilo que tinha sido acordado com o falecido Afonso Dhlakama.

No seio da Renamo, o fenómeno Nhongo sempre foi um assunto sensível pelo potencial que tinha ou ainda tem de provocar fricções dentro do partido.

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Reacções à morte de Mariano Nhongo

Sendo que a morte de Mariano Nhongo não é o desaguar do rio no oceano, algumas correntes de opinião consideram que aquilo que Ossufo Momade vai fazer a partir de agora será fundamental para se aferir até que ponto estão criadas as condições para uma Renamo mais unida, sobretudo em torno do seu líder.

O sociólogo Moisés Mabunda diz que o problema não se resolve apenas com a morte de Nhongo, porque ele chefiava um grupo com o qual convivia e partilhava opiniões, e não se sabe qual vai ser a actuação desse grupo a partir de agora.

Aquele analista político acrescenta que "compete agora a Ossufo Momade fazer um trabalho com esse grupo, visando a reunificação da família Renamo".

Outras análises consideram que esta é uma grande oportunidade para Ossufo Momade reforçar o seu capital politico, tendo em vista as próximas eleições, sobretudo porque ele pode ganhar simpatias das pessoas do centro e sul do país e não apenas dos macuas.

Adriano Nuvunga, director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), diz esperar que tendo sido removido o empecilho que representava Mariano Nhongo para Ossufo Momade, a Renamo seja mais interventiva no debate político nacional.

Entretanto, a Renamo, reagindo à morte de Mariano Nhongo, disse lamentar a perda de um concidadão, sem referir ao facto dele ter sido um destacado quadro da confiança de Afonso Dhlakama.