No Sudão do Sul, Papa Francisco encoraja um povo sofredor

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Papa Francisco cumprimento pelo Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir

"Perguntemo-nos o que significa para nós ser ministros de Deus numa terra marcada pela guerra, ódio, violência e pobreza"

O Papa Francisco procurou no sábado, 4 de fevereiro, consolar o povo sofredor do Sudão do Sul ao abrir o seu primeiro dia inteiro num país assolado por conflitos, pobreza e crises humanitárias, encorajando padres e freiras a servir os seus rebanhos, juntando-se às suas lágrimas.

Após chegar ao mais recente país do mundo na primeira visita papal de sempre, sexta-feira, Francisco passou o sábado a ministrar primeiro ao pessoal da igreja e depois aos sul-sudaneses que foram forçados pelos combates, inundações e outras crises a abandonar as suas casas.

Francisco destacou em particular a situação das mulheres do Sudão do Sul, metade das quais são casadas antes dos 18 anos de idade, que estão sujeitas a uma violência sexual desenfreada e depois enfrentam a maior taxa de mortalidade materna do mundo.

"Perguntemo-nos o que significa para nós ser ministros de Deus numa terra marcada pela guerra, ódio, violência e pobreza", disse Francisco na Catedral de Santa Teresa, na capital, Juba. "Como podemos exercer o nosso ministério nesta terra, ao longo das margens de um rio banhado em tanto sangue inocente, entre as faces manchadas de lágrimas do povo que nos foi confiado"?

O Papa Francisco reúne-se com um grupo de fiéis católicos da cidade de Rumbek, que caminhou durante mais de uma semana para chegar à capital, depois de se ter dirigido ao clero na Catedral de Santa Teresa, em Juba, Sul do Sudão, Fev. 4, 2023.

Rico em petróleo e outros recursos naturais mas assolado por anos de guerra civil e conflito, o Sudão do Sul é um dos países mais pobres do mundo e é responsável pela pior crise de refugiados em África: mais de dois milhões de pessoas fugiram do país e outros dois milhões estão deslocados dentro das suas fronteiras.

Juntamente com o arcebispo de Cantuária Justin Welby e o chefe presbiteriano da Igreja da Escócia, Francisco procura chamar a atenção mundial para a situação difícil do país.

O objectivo da nova visita ecuménica é encorajar os líderes políticos do Sudão do Sul a implementar o acordo de paz de 2018 que ponha fim a uma guerra civil que eclodiu após o país esmagadoramente cristão ter conquistado a independência do Sudão, na sua maioria muçulmano, em 2011.