No Dia da Paz, residentes de Cabo Delgado querem paz e segurança

Família deslocada acolhida numa residência em Pemba, Cabo Delgado, Moçambique

O 4 de Outubro, Dia da Paz em Moçambique, não foi esquecido na província de Moçambique.

A data foi marcada por discursos e um culto ecuménico realizado numa escola secundária.

A grande preocupação manifestada por cidadãos entrevistados pela VOA gira em torno dos deslocados e todos pedem ajuda e solidariedade para com as vítimas do terrorismo.

Sabrina Horácio, estudante de Ciências Alimentares, Cabo Delgado, Moçambique

“Eu desejo que Cabo Delgado venha a ter paz e que a paz seja efectiva e que não tenhamos mais conflitos, não tenhamos mais pessoas deslocadas”, afirmou Sabrina Horácio, estudante do curso de Ciências Alimentares, quem estimou que “a situação é grave, sim, mas creio que tudo vai voltar à normalidade”.

Sensibilizada com o sofrimento da população deslocada está também Aua Machude, estudante de medicina, que está triste por causa das barbaridades cometidas contra a população civil.

Aua Machude, estudante de Medicina, Cabo Delgado, Moçambique

No entanto, acredita que, em breve, Cabo Delgado se verá livre dos terroristas e diz estar satisfeita com o trabalho feito pelos militares no chamado Teatro Operacional Norte.“Pelo menos conseguiram recuperar alguns distritos. No caso de Mocimboa da Praia. Acho que alguma coisa está a melhorar”, sublinha.

Preocupado com o drama dos deslocados, está também o reverendo João Damião, pastor da Igreja Metodista Unida que vive em Maputo e foi a Pemba participar nas cerimónias centrais alusivas ao Dia da Paz.

Reverendo João Gaspar, secretário-geral do Conselho Cristão de Moçambique

Também secretário-geral do Conselho Cristão de Moçambique, ele afirma que o país ainda não está em paz e que o grande problema é a ambição dos homens.

“O que periga a paz, primeiro, é a ambição que está grande nas pessoas. Por causa da ambição, há corrupção, por causa da corrupção, e essa ambição, existe a vingança de que eu tenho de matar o fulano para eu conseguir ter o que ele tem. Só que, infelizmente, mesmo matando o irmão, você não consegue se saciar, por causa da ambição que está demais”, lamenta Damião, que exorta à reconciliação.

Cada um de nós tem de fazer a sua parte. Se todos nós, cada um de nós fizesse a sua parte, então, estaríamos, de facto, mais próximos de encontrarmos a paz. As pessoas pudessem encontrar empregos, as pessoas pudessem encontrar salários condignos que possam responder às suas necessidades. As pudessem conviver em harmonia. Não só as pessoas como tais, mas também a natureza”, conclui.

Apesar do momento turbulento que a província vive por causa dos ataques atribuídos a grupos terroristas, além da habitual deposição da coroa de flores, na Praça dos Heróis Moçambicanos, realizou-se um culto ecuménico.