Moçambique - A acomodação económico-financeira da Renamo

Em Moçambique, algumas correntes de opinião defendem uma acomodação económico-financeira da Renamo, não apenas para resolver a presente tensão política no país, mas também como uma forma de justiça na distribuição da riqueza.

Há quem diga que a acomodação do antigo movimento guerrilheiro começou quando a Renamo se assumiu como força política e ganhou, por mérito próprio, assentos no parlamento e nas assembleias provinciais e municipais.

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As exigencias da Renamo


Mas a Renamo perdeu um pouco essa acomodação quando começou a perder as eleições em 1999, em 2004 e em 2009, e hoje sente uma pressão para acomodar pessoas que saíram do parlamento e das outras assembleias.

O jornalista Almiro Menino, diz que se a acomodação corresponder a uma decisão, só peca por ser tardia. “Eu penso que ele (Dhlakama) tem todo o direito de reforma”.

Para o académico Calton Cadeado, a acomodação da Renamo tem de começar na Gorongosa e em Maríngue, onde há homens armados da Renamo, que há cerca de 20 anos, estão á espera de ver as suas expectativas satisfeitas.

Cadeado sugere a transformação destes antigos bastiões da Renamo em pólos de atracção turística, o que significa, por exemplo, criar empresas que possam empregar ex-guerrilheiros do antigo movimento rebelde.

“Esta minha sugestão tem como exemplo aquilo que acontece na Ruben Islands, na África do Sul, em que alguns dos guias turísticos que trabalham lá são ex-presos políticos do ANC. Então, porque não tornar homens armados da Renamo guias turísticos com uma renda no final do mês, porque não criar empresas em que esses homens tenham acções?”, interrogou aquele académico.

Contudo, o jurista Filimao Swazi não concorda com a acomodação do líder da Renamo. No seu entender, não há uma situação de tensão política em Moçambique.

“O nosso erro seria assumirmos que há uma situação de tensão política, e o outro erro seria pensarmos que havendo tensão política, isso se resolve com a acomodação do líder. Como se diz, líder ´líder e subentende-se que está subjacente um contingente. Eu acho que a acomodação do líder haveria de frustrar ainda mais o grupo, nasceria um novo líder daquele grupo e teríamos uma espécie de cisão”.

Para a Renamo, a riqueza nacional deve ser distribuída por todos. “Este é o princípio que defendemos”, disse um porta-voz da Renamo.

Em meios diplomáticos, a ideia até nem é nova, tanto mais que ela já foi sugerida ao Governo, Governo que diz que ela tem algum mérito, mas precisa de ser aprofundada.