Medo, pânico e esperança, tenso cenário descrito por estudantes na China

Aeroportos repletos de pessoas

Muito medo, algum pânico e esperança em que tudo acabe em breve é como estudantes na China definem o seu estado de espírito no meio da epidemia do coronavírus, que já provocou até esta terça-feira, 131 mortos e infetou quase cinco mil pessoas, segundo as autoridades de Pequim.

Com as restrições em curso e férias prolongadas de Ano Novo, devido à epidemia, os estudantes procuram manter-se em casa e garantem estar a seguir as orientações das autoridades.

Em Wuhan, epicentro da epidemia, há 16 estudantes cabo-verdianos e cerca de 50 angolanos que têm recomendações para não saírem à rua.

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“O meu dia-a-dia é acordar, seguir as notícias, comer, tentar distrair-me e esquecer o que acontece lá fora”, descreveu à VOA o cabo-verdiano Wagner Pereira.

Quando tem de sair para comprar alimentos ou produtos de higiéne, aquele finalista de um mestrado em Ciência de Computação “diz que tem de colocar máscaras, rezar para não se encontrar com pessoas e regressar rapidamente”, com a obrigação de “medir a temperatura no regresso ao quarto e comunicar as autoridades em caso de qualquer anomalia”.

Sem poder entrar em contato com os demais estudantes, Pereira, que vive há quase três anos em Wuhan, conta que as autoridades têm dado indicações de como proceder e distribuído máscaras, apesar de nos últimos dias registar-se algum défice devido à enorme demanda.

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“Temos estado em contato com a embaixada de Cabo Verde”, confirmou o estudante, manifestando a preocupação que todos têm para que “isto termine rápido”.

Calma e casa, recomendam autoridades

Tal como os estudantes cabo-verdianos, os cerca de 50 angolanos residentes em Wuhan não registaram ainda qualquer caso de infeção no seu seio.

Diamantino Malaquias Israel, natural do Huambo, e que vive em Pequim diz que “todos estão bem, mas preocupados”.

“Infelizmente as pessoas estão com medo e devido às informações disponíveis na internet muitas pessoas desconhecem o que está a passar, o que cria algum pânico, mas a situação está controlada”, afirma Diamantino, que diz “acreditar nos esforços que a China tem feito para combater a doença”.

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Apoio das embaixadas

Na segunda-feira, 27, a embaixada angolana escreveu aos estudantes uma carta na qual “dá um apoio moral e pede que mantenhas a calma”, explica Diamantino Israel.

Esta também, conclui o estudante, “tem sido a postura dos professores”.

Em entrevista à VOA, na segunda-feira, 27, a embaixadora de Cabo Verde em Pequim, Tânia Romualdo, revelou que os estudantes em Wuhan pediram para deixar a cidade, questão “que está a ser neste momento analisada”, alertando que “como a cidade está em quarentena, no caso de ser uma solução possível e plausível, tal implicaria ter em conta todas as medidas necessárias que normalmente se aplicam nesses casos”.

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Romualdo assegura “aos pais dos estudantes que estão a ser bem tratados” e diz estar em permanente contato com as autoridades chinesas e cabo-verdianos para “tomar as medidas necessárias”.

Em Luanda, o diretor nacional de Saúde Pública em exercício, Eusébio Manuel, informou nesta terça-feira, 28, não existir qualquer caso suspeito do novo coronavírus no país depois de ter rastreado mais de 1.600 pessoas apenas ontem.

Aquele responsável acrescentou ainda que uma comissão interministerial elabora, já em fase final, um Plano de Contingência para enfrentar qualquer caso ou casos que possam chegar a Angola.

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