Jornalistas dizem que nada mudou ainda em Angola

Angola censura jornais

Editores de jornais privados dizem que são excluídos de eventos da própria Presidência da República

A cerca de uma semana dos 100 dias de governação de João Lourenço jornalistas angolanos continuam a queixar-se de não terem acesso a fontes e aos grandes eventos, nomeadamente da Presidência da República.

Aliás, há quem considere que o acesso às fontes, agora, é ainda mais difícil.

Além da falta de apoio por parte do Estado, apesar de a lei estipular subsídios à imprensa privada, jornais privados continuam a dizer que são excluídos dos actos na Presidência da República.

O director do Jornal O Crime, Mariano Brás, afirma que com João Lourenço a situação continua igual.

“Até agora, não há nenhum sinal evidente, as coisas continuam na mesma, não há sinal de abertura. Nas suas actividades, o Presidente d República não convida os órgãos privadas, continua com o comportamento de José Eduardo dos Santos”, justifica Brás.

Quem também mostra-se descontente pela exclusão das actividades do actual Presidente é Martinho Fortes, director do Jornal A República.

“Numa delegação presidencial somos sempre preteridos”, disse.

A VOA tentou contactar Luís Fernando, secretário para os Assuntos de Comunicação Institucional e de Imprensa do Presidente da República, mas o mesmo não deu qualquer resposta.

Em relação as fontes institucionais, Dani Costa, director adjunto do O País, diz que continuam fechadas.

“A questão do tratamento que se dá junto dos órgãos de soberania não é uma questão nova”, reitera Costa.

Outra preocupação radica nos apoios que os órgãos de comunicação social têm direito.

Mariano Brás diz que a gestão do actual ministro da comunicação social João Melo não é diferente do anterior.

“É necessário chamar as pessoas e ouvir, o ministro continua a ter a postura do anterior”, diz.

No passado, Mariano Brás acusou Luís de Matos, antigo ministro da comunicação social,de ter um plano para extinção de vários jornais privados, acusação que foi negada prontamente por Matos.

Martinho Fortes diz que o actual ministro não apoia os órgãos que não são próximos ao poder politico.

“Subvencionam alguns órgãos e jornalistas afectos ao regime”, acusou Fortes.

Recorde-se que vários jornais privados angolanos fecharam as portas durante os últimos cinco anos.