Trocas de acusações entre Isabel dos Santos e Carlos Saturnino revelam outros contornos

Sonangol no epicentro da "guerra" de palavras

Antiga PCA da Sonangol dá ao seu sucessor 24 horas para provar as denúnicas ou vai a tribunal

Em Angola, assiste-se uma autêntica “guerra” de acusações entre o actual presidente do Conselho de Administração (CA) da Sonangol, Carlos Saturnino, e a antiga gestora da empresa petrolífera estatal, Isabel dos Santos.

Carlos Saturnino acusou a filha do antigo Presidente José Eduardo dos Santos de ter transferido 36 milhões de dólares para uma empresa no Dubai, e outras transferências, um dia depois da exoneração da anterior administração.

Isabel dos Santos respondeu e deu agora a Carlos Saturnino 24 horas para provar o que afirmou, caso contrário vai responder no tribunal.

Your browser doesn’t support HTML5

Guerra de palavras na Sonangol reflecte outros confrontos- 2:44

Vários analistas falam da existência de “oficinas secretas”, uma ao serviço do núcleo duro de João Lourenço, actual presidente da República e vice-presidente do MPLA, e outra coordenada por José Eduardo dos Santos, presidente do MPLA e antigo Presidente da República.

Alas

As tais "oficinas secretas" informais têm por missão informar e desinformar de acordo com os desafios de cada uma das alas.

O politólogo Diavita Jorge afirma existir uma clara clivagem entre a ala de Santos e a de Lourenço, mas destaca que a "guerra" entre Isabel dos Santos e Carlos Saturnino deve servir para a prestação de contas dos responsáveis daquela empresa pública.

“A relação não é muito boa, parece que existem duas alas que vinham trabalhando juntas mas agora há resistências entre elas", explica Jorge, para quem esses actores devem entender "que a política é, acima de tudo a capacidade de gerir as questões da República através de um diálogo permanente".

Aquele analista destaca a necessidade de o Presidente da República entender que "deve saber gerir esses interesses" que, segundo Jorge, representam "os vários estratos da sociedade".

Outra opinião é do politólogo Agostinho Sicato que não acredita que essa guerra verbal possa atingir José Eduardo dos Santos e João Lourenço, mas nota uma clivagem bastante acentuada entre os dois lados.

"Entretanto há zonas cinzentas e as acções feitas requerem autorização superior, mas não acredito que haja uma coacção entre os dois", reitera Sicato.

Recorde-se que Isabel dos Santos deu 24 horas para Carlos Santurino apresentar provas das acusações feitas contra ela, caso contrário ela vai recorrer aos tribunais.