O conhecido activista guineense, Sana Canté, foi raptado no sábado, 19, em Bissau por homens armados que interceptaram e o retiraram na viatura onde seguia momentos depois de ter chegado ao país proveiente de Portugal.
A informação foi avançada pela Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) que, em nota na sua página no Facebook, “exige a libertação imediata do cidadão Sana Canté e a salvaguarda da sua integridade física”.
Canté foi solto depois de ter sido espancado e torturado pelos seus sequestradores que se encontram a monte.
“A LGDH exorta ainda as forças de segurança para fazerem de tudo para descobrir o paradeiro do cidadão Sana Canté e igualmente identificar os autores deste acto cobarde e criminoso”, acrescentou aquela organização.
Sana Canté é também militante do PAIGC e liderou vários protestos contra o actual Presidente da República no país e no exterior, nomeadamente na Europa.
Próximos daquele jurista dizem que encontrava-se em Portugal precisamente por temer pela sua segurança e teria regressado a Bissau para participar no 10º. Congresso do PAIGC que devia ter sido realizado neste fim de semana.
Polícia impede congresso do PAIGC
Entretanto, na sexta-feira, 18, a polícia invadiu a sede daquele partido, disparou granadas de gás lacrimogéneo e obrigou os militantes a abandonarem a reunião do Comité Central que preparava a abertura do congresso.
Várias pessoas ficaram feridas, mas o presidente do PAIGC disse não poder confirmar se houve mortos ou não, como se ventilou em Bissau.
Após visitar alguns dos militantes feridos no Hospital Central Simão Mendes, Domingos Simões Pereira apontou as baterias para o Presidente da República.
“Temos um soberano, o senhor Sissoco, confortavelmente instalado, agora parece que em Dacar, que manda os seus lacaios irem à sede do PAIGC provocarem todo este conjunto de distúrbios”, disse o antigo primeiro-minsitro, que, em resposta à decisão do juiz Lassana Camará, a um pedido de embargo do congresso, questionou “onde é que o juiz chegou à conclusão de que as decisões que nós podíamos produzir na sede podiam ser uma hecatombe para este país?”.
Simões Pereira voltou a apelar à calma, no entanto, admitiu que “vai chegar um momento em que o meu apelo pode não valer e quando não valer aqueles que nos estão a agredir hoje podem se arrepender daquilo que semearam, porque quando o caos se instalar neste país, eu vou ver quem é que beneficia desse caos”.
O congresso que devia terminar amanhã não se realizou.
A reunião magna do partido da Independência devia ter acontecido de 17 a 20 de Fevereiro, mas foi adiada para este fim de semana devido à restrições impostas para o combate à covid-19.
Refira-se que vários activistas e opositores ao actual Presidente da República têm sido raptados por homens armados, torturados e depois soltos sem que as autoridades tenham descoberto quem são os autores desses actos.