Governo anuncia criação de 21 aldeias para deslocados em Cabo Delgado, mas há muitas reservas

Deslocados em Cabo Delgado aguardam produtos através da ajuda do PMA, em Pemba.

Pesidente da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) propõe outro modelo de desenvolvimento

As autoridades moçambicanas dizem ter construido 21 aldeias para o reassentamento das pessoas que fogem da guerra em Cabo Delgado, numa altura em que o presidente da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) propõe um novo modelo de desenvolvimento para aquela província face às acções dos jihadistas.

A construção dessas aldeias, segundo o secretário de Estado em Cabo Delgado, Armindo Ngunga, faz parte do Plano de Gestão de Deslocados, para que possam viver com dignidade num espaço próprio.

Ngunga afirmou que,"não havendo condições para fazer isso em Pemba, encontramos espaços noutros distritos, para podermos fazer uma gestão directa dos deslocados, e neste momento, já conseguimos construir 21 aldeias que são habitadas por mais de 55 mil pessoas".

Aquele governante avançou que nessas aldeias foram criadas as mínimas condições em termos de serviços básicos, incluindo àgua, saneamento, saúde e educação, e sublinhou que, "isso significa que a vida dos deslocados está a caminhar cada vez mais para o normal, porque o nosso objectivo era mesmo esse de garantir que as pessoas vivam com dignidade".

Contudo, um estudo recente feito pelo Centro de Integridade Pública (CIP) sobre os deslocados de guerra em Cabo Delgado aponta que nas aldeias de reassentamento, "não existe absolutamente nada, à excepção de fontes de abastecimento de água e talhões para a construção de habitações".

Entretanto, o presidente da estatal ADIN, Armando Panguene, critica a actual estratégia para fazer face aos ataques jihadistas e propõe um novo modelo de desenvolvimento para Cabo Delgado porque, disse, sem isso, nenhuma acção terá impacto imediato nas comunidades.

Panguene referiu que o modelo de desenvolvimento para a província "tem que ser atípico e requer alto sentido de flexibilidade e uma maior coordenação institucional, porque perante a insegurança da vida das comunidades, somos todos chamados a agir com acções concretas para responder ao clamor das populações".

Aquele gestor realçou que a juventude "tem que ter habilidades para a empregabilidade e auto-emprego, os serviços de saúde e educação devem estar mais próximos das populações, e as comunidades rurais devem ter acesso ao crédito".