Governo angolano e UNITA trocam acusações sobre manifestações de sábado

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Polícias agridem um manifestante no protesto anti-governo em Luanda, 24 outubro 2020

Adalberto Costa Júnior pede a libertação das 103 três pessoas serão presentes nesta segunda-feira ao tribunal

O secretário de Estado do Interior de Angola refutou acusações de repressão aos manifestantes que no sábado, 24, protestavam contra o desemprego e pela realização das eleições autárquicas em Luanda.

"Amanhã diante do tribunal a que serão submetidos teremos mais elementos para saber o que é que os animou, se é só mesmo a desobediência, se é só o desacato às autoridades", disse Salvador Rodrigues em entrevista à Televisão Pública de Angola (TPA) no domingo, 25, na qual confirmou que estão detidas 103 pessoas.

Ele acusou a UNITA de incentivar os protestos, dizendo que “infelizmente, há dirigentes de partidos políticos (…) detidos que se encontravam na manifestação", e lembrou que aquele partido tem no Parlamento "uma liberdade total para conversar, para apresentar as questões".

Salvador Rodrigues afirmou que a polícia e o exército foram atacados com recurso a "apedrejamento e queima de pneus na Estrada, num comportamento segundo ele "nunca visto dos manifestantes".

Adalberto da Costa Júnior, presidente da UNITA


Entretanto, o presidente da UNITA, principal partido da oposição, exigiu a libertação imediata dos "presos de consciência" e acusou o Governo de ser "incapaz de respeitar a lei, mas mostra-se capaz de fazer leis de conveniência", em referência ao decreto presidencial que entrou em vigor no sábado que restringe a aglomeração de pessoas.

Adalberto da Costa Júnior disse haver “imagens de espancamentos, agressões e prisões arbitrarias” de activistas e políticos, como o secretário-geral do braço juvenil da UNITA, JURA, Agostinho Kamuango.

“Senhor presidente João Lourenço tenha coragem de anular o decreto que agride a constituição e mande para o Parlamento caso queira restringir os direitos fundamentais dos cidadãos”, afirmou o líder da oposição, para quem “o estado de calamidade não lhe permite limitar as liberdades dos cidadãos, todos sabemos, quanto mais os governantes, deviam saber”.

Costa Júnior afirmiu que a polícia usou e abusou de violência gratuita contra os manifestantes.

“A policia disparou balas reais por que usou ? Com que legitimidade? Usou e abusou abusivamente da força contra os manifestantes, a responsabilidade das agressões e da morte confirmada são da responsabilidade da polícia e dos seus mandantes”, acusou.

Para o presidente da UNITA, “por detrás da repressão, por detrás da arrogância, da insensibilidade e da incompetência escondem-se mais mortes do que as de covid, as mortes a fome e as do aumento da pobreza lamentavelmente”.