Deslocados em Nampula queixam-se de falta de comida

Deslocados no Centro de Corane, Nampula, Moçambique

Os deslocados devido ao terrorismo na província moçambicana de Cabo Delgado abrigados no Centro de Deslocados de Corane, no distrito de Meconta, província nortenha de Nampula, queixam-se de estarem a passar fome devido à redução da ajuda alimentar.

O Governo, através do Instituto de Gestão de Risco de Desastres Naturais (INGD), tem feito a distribuição de alimentos, mas as famílias dizem que não chega para todos.

Em conversa com a VOA, alguns deslocados disseram haver famílias com mais de 10 pessoas que recebem "apenas" 10 quilos de farinha de milho, arroz e dois litros de óleo, o que é insuficiente para o sustento durante um mês.

Adelaide Firmino, diz que na sua casa por exemplo, vivem seis adultos e 10 crianças, três delas órfãs de mãe e pai assassinados pelos insurgentes.

“Não chegam sequer para duas semanas”, diz Firmino, assim como Renata Mpulanga, chefe de um agregado de nove pessoas.

A redução da ajuda alimentar, segundo Mpulanga “está a complicar a vida” dos deslocados que dependem somente do Governo, depois de terem perdido tudo devido aos ataques dos insurgentes.

Entretanto, uma fonte do INGD em Nampula, adiantou à VOA que o Governo e parceiros têm regularmente canalizado apoio alimentar e não só aos deslocados naquele centro, mas os produtos tornam-se insuficientes à medida que chegam mais deslocados de forma clandestina.

Alguns deslocados sugerem que o Governo deve apoiar pequenos projectos de geração de renda para que eles sejam independentes.

Em declarações a jornalistas, Armindo Ngunga, presidente da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte, disse ser necessário definir um limite de número de pessoas e de tempo para ficarem em Corane.

“As pessoas não podem passar o resto das suas vidas a receber apoio alimentar e a reclamar que a comida é insuficiente”, afirmou, acrescentando a necessidade de se ter uma nova visão em relação a Corane.

A província de Nampula tem pouco mais de 65 mil deslocados internos e o Centro de Corane já abriga cerca de 6 mil.