Justiça americana recupera mais de 30 milhões de dólares roubados à Guiné Equatorial

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Teodoro Obiang Nguema.

Estados Unidos não querem ser esconderijo para a lavagem.

Uma propriedade avaliada em 30 milhões de dólares em Malibu, viaturas de luxo e estátuas de Michael Jackson pertencentes a Teodoro Nguema Obiang Mangue, vice-presidente da Guiné-Equatorial, foram colocadas à venda nos Estados Unidos, devendo a receita será devolvida ao povo daquele país.

A venda resulta de uma acção movida pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos contra Mangue, filho de Obiang Nguema, presidente da Guiné-Equatorial, que alcançou o poder em 1979, por via de um golpe de Estado.

Nguema é o presidente africano com mais anos no poder. A sua família conquistou a fortuna por métodos corruptos.

O New York Times (NYT) escreve que a confiscação pelo governo federal foi no âmbito dos esforços de recuperação de bens roubados por altos funcionários estrangeiros – ditadores, políticos e elites no poder – e “lavados” nos Estados Unidos.

Trata-se da Iniciativa de Recuperação de Bens da Cleptocracia, lançada em 2010, que reúne advogados e equipas do FBI e segurança interna.

“Não queremos que os Estados Unidos sejam um esconderijo desse dinheiro,” disse ao NYT Leslie Caldwell, Procuradora-Geral assistente e chefe da divisão criminal.

Ela clarificou ao jornal que se o dinheiro da corrupção chegar aos Estados Unidos será confiscado. Sublinhou que “a cleptocracia mina o estado de direito e alimenta o crime e o terrorismo.”

O governo americano tem estado a combater o fluxo de dinheiro ilícito, através de regras anti lavagem, investigação sobre compradores secretos de propriedades e empresas usadas para ocultar transacções financeiras.

Entre os casos investigados constam os de fundos detidos por altos funcionários da Nigéria, Ucrânia, Uzbequistão, Coreia do Sul, Taiwan, Honduras e Canadá. O NYT reporta um caso de 630 milhões de dólares americanos do tempo da presidência de Sani Abacha, na Nigéria.

Globalmente, o Banco Mundial e as Nações Unidas estimam que, dos 20 a 40 mil milhões de dólares desviados nos países em desenvolvimento, apenas cinco mil milhões de dólares foram recuperados, nos últimos 15 anos.

O Departamento de Justiça, citado pelo NYT, afirma que os casos de lavagem de dinheiros têm sido difíceis de seguir. Os acusados conseguem contratar bons advogados. Testemunhas têm recusado prestar declarações por medo de perseguições.