Caso Kopelipa: Defesa de arguidos tenta enfraquecer acusação com instrução contraditória

Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, general angolano

Benja Satula, que representa as companhias chinesas Plansmart International Limited e Utter Right International Limited, disse ter pedido uma decisão judicial do juiz.

O advogado Benja Satula disse à Voz da América nesta quarta-feira,22, que a instrução contraditória solicitada ao Tribunal Supremo (TS) pelos arguidos do caso que envolve o general Hélder Vieira Dias "Kopelipa" visa "enfraquecer a acusação, suspender ou não pronunciar o processo".

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Advogado de Kopelipa fala à VOA - 2:11


Satula, que representa as companhias chinesas Plansmart International Limited e Utter Right International Limited, disse que a decisão resultou da necessidade de "pedir uma apreciação e obter uma decisão judicial de uma entidade imparcial e equidistante, que é o juiz, sobre a instrução preparatória que foi dirigida pelo Ministério Público".

Estas empresas, segundo a acusação do Ministério Público (MP), fizeram parte de um esquema montado pelo general “Kopelipa” , quando exerceu as funções de diretor do Gabinete de Reconstrução Nacional, que prejudicou o Estado em largos milhões de dólares americanos.

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A instrução contraditória foi aberta, na terça-feira,21, no TS pelo antigo ministro de Estado e Chefe da Casa Militar, do Governo do ex-presidente, José Eduardo dos Santos.

A Voz da América tentou ouvir a versão do MP sobre a instrução judicial em curso, mas o seu porta-voz, Álvaro João, teve os habituais contactos telefónicos indisponíveis.

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O antigo ministro de Estado da Casa Militar e o advogado Fernando Gomes dos Santos são acusados da prática dos crimes de peculato, burla por defraudação, falsificação de documentos, tráfico de influência, associação criminosa, branqueamento de capitais e abuso de poder.

A sessão de ontem foi dedicada à audição das testemunhas arroladas pelo general “Kopelipa” e pelo advogado Fernando Gomes dos Santos.

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Nas projecções de Benja Satula, a instrução contraditória deverá terminar hoje com a audição das testemunhas das empresas que representa e da discussão e apresentação do ponto de vista de cada um dos advogados ao que se seguirá a decisão do juiz.

A sessão está a ser dirigida pelo juiz conselheiro, Nazaré Pascoal e decorre à porta fechada.

Dos 23 declarantes arrolados no processo, o destaque vai para o antigo presidente do Conselho de Administração (PCA) da Sonangol, Francisco de Lemos Maria, e o jurista, Carlos Feijó, que foi ministro da Casa Civil no governo do ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos.

Na sequência da acusação formal feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em Julho de 2022 , os generais Hélder Kopelipa e Fragoso do Nascimento “Dino” devolveram ao Estado percentagens da empresa Biocom, a gráfica Damer, o hipermercado Kero e ainda uma fábrica de cervejas, uma central térmica e uma linha de montagem de autocarros e ainda vários imóveis.

Trata-se de um património que terá sido construído com fundos do Estado.

O jurista Salvador Freire disse à Voz da América que a devolução do património não impede a responsabilização criminal dos acusados, podendo funcionar apenas como atenuante.

Em causa está uma linha de crédito avaliada em 2,5 mil milhões de dólares americanos concedida a Angola pelo Banco Industrial e Comercial da China que, segundo a imprensa portuguesa, “poderá ser relevante para perceber até que ponto o Estado angolano pode argumentar junto de Pequim que o dinheiro emprestado para fins públicos foi canalizado para particulares, não devendo assim estar integrado na dívida de Angola à China”.

De recordar que o general Kopelipa foi recentemente homenageado pelo MPLA como um dos militares que integrou a primeira delegação do partido a chegar a Luanda em 1974.

A homenagem é entendida por analistas políticos como podendo concorrer para a não condenação do general angolano, na reserva , como aconteceu com o também general Higino Carneiro, cujo processo crime foi despronunciado por um juiz do TS.

Sanções dos Estados Unidos

Em Dezembro de 2021, a Administração Biden impôs sanções ao antigo ministro de Estado e chefe da Casa Militar da Presidência de Angola Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” e ao antigo chefe do Serviço de Comunicação do Governo Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino” e determinou o congelamento dos bens daqueles generais e homens de confiança do antigo Presidente José Eduardo dos Santos.os Estados Unidos.

O comunicado acrescentou na altura que "Kopelipa" e "Dino" são acusados de desviar biliões de dólares do Governo angolano por peculato” e que ambos “conspiraram com outros indivíduos angolanos e Sam Pa, também alvo de sanções pelo Departamento do Tesouro, para desviar o financiamento destinado a projectos de desenvolvimento de infraestrutura, incluindo o uso de projectos fantasmas”.