As mil facetas de Calane da Silva, "Prémio Craveirinha 2010"

Calane da Silva, escritor moçambicano

"Um prémio que significa mais responsabilidade para uma pessoa que ama a palavra"

Apostar na criatividade

Calane da Silva,jornalista e escritor,acaba de ganhar o Prémio José Craveirinha, Edição 2010. Prémio instituído pela Associação Moçambicana dos Escritores e pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa. Um prémio valorizado em vinte cinco mil dólares americanos e que tem em vista agraciar um cidadão moçambicano que, ao longo da sua vida, se tenha destacado na participação e na contribuição para o desenvolvimento das artes e letras no país.

Licenciado em ensino de língua portuguesa pela Faculdade de Línguas da Universidade Pedagógica de Maputo, Mestre e Doutourado em linguística portuguesa, vertente lexicologia, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Raúl Alves Calane da Silva, mas mais conhecido por Calane da Silva.Natural de Maputo, da Silva tem 66 anos. Anos, muitos dos quais dedicados à vida das artes e das letras.Para além de ser escritor, é também jornalista e ensaísta.

Começou a fazer jornalismo em 1969, tendo atingido o topo de carreira em 1991, tendo sido, durante a sua vida profissional, redactor e editor-chefe dos principais órgãos de informação em Moçambique.


Foi co-fundador e Chefe de Redacção da Revista Tempo, Chefe de Redacção do matutino Notícias, do semanário Domingo, publicados em Maputo, e ainda Director de Informação e Administrador da Televisão de Moçambique.Foi também Delegado-Adjunto da Agência Lusa e correspondente, em Moçambique, do Jornal Notícias, do Porto, Portugal.Foi professor na Escola de Jornalismo, em Maputo, e da Escola Portuguesa de Moçambique.Foi monitor-finalista de literatura portuguesa e brasileira e é, neste momento, professor de literaturas africanas em língua portuguesa e de didáctica da literatura na Universidade Pedagógica, em Maputo.

Mas não é só.Calane da Silva é muito mais. Ocupou,ocupa e dedica-se a diversas outras actividades: É Director do Centro Cultural-Brasil-Moçambique. É membro fundador da Associação dos Escritores de Moçambique e membro também do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, um órgão da CPLP.
Calane da Silva participou em diversos congressos, conferências, seminários e publicou vários livros, várias obras literárias e académicas de investigação.Prefaciou inúmeras obras de escritores moçambicanos e textos de apresentação de obras de artes plásticas de artistas nacionais e estrangeiros.

Um currículum rico. Tão rico que impressionou o júri do Prémio José Craveirinha, o qual atribuiu o galardão ao escritor Calane da Silva, considerando que o visado tem uma presença contínua e prolongada de publicações. Publicações que, na opinião do júri, têm e tiveram, passo a citar: “impacto na vida literária nacional, e inclusivé, universal.”

Por tudo isso, melhor do que ninguém, Calane da Silva foi considerado como a pessoa indicada para receber o Prémio José Craveirinha, edição referente ao ano 2010.

Instituído pela Associação dos Escritores de Moçambique, AEMO, e pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa, o Prémio José Craveirinha está valorizado em 25 mil dólares americanos. É o maior prémio cultural moçambicano e passou, a partir do presente ano, a ser Prémio Carreira.
Calane da Silva ficou, naturalmente feliz.

Um prémio que significa mais responsabilidade para uma pessoa que, como ele próprio o afirma, ama a palavra.Calane da Silva está feliz, mas, ao mesmo tempo, preocupado.Diz que anda muito atarefado, mas que gostaria de ter mais tempo disponível.Tem obras na forja, mas não consegue concluí-las. RM
Calane da Silva não quer desaparecer fisicamente sem concluir as suas obras e gostaria também que os moçambicanos pudessem ter outra atitude em relação à literatura.

Os livros são caros, mas para Calane da Silva esse não pode ser um argumento válido para explicar as razões do fraco hábito que existe em ler, por parte da maioria dos moçambicanos.