Cabo Verde:Acusação pede mais de sete anos de prisão para deputado e advogado Amadeu Oliveira

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Amadeu Oliveira, advogado e deputado, Cabo Verde

Defesa classifica a acusação de uma falácia e diz que o MP não fez um esforço para indicar os elementos que preenchem os delitos

O Ministério Público (MP) de Cabo Verde pediu uma pena de prisão efectiva de pelo menos sete anos e seis meses para o deputado com mandato suspenso e jurista Amadeu Oliveira pelos crimes de atentado ao Estado de direito democrático, coação e perturbação de funcionamento de órgão constitucional e dois processos de ofensas à honra a dois juízes do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

O posicionamento do MP foi assumido nesta terça-feira, 11, na audiência para alegações finais do julgamento de Oliveira, com a defesa a clasificar a acusação de uma falácia e a pedir a absolvição do réu por falta de provas.

O procurador Vital Moeda afirmou que as provas testemunhais e documentais mostraram que Amadeu Oliveira saiu do país com o seu constituinte Arlindo Teixeira, cujo passaporte foi buscar ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ), mesmo sabendo que ele estava sujeito à medida de coação decretada pelo STJ de permanência em casa.

Para a acusação, o na altura deputado e jurista queria expor as fragilidades do sistema judicial e ele estava ciente da ilegalidade.

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“Se não tinha essa consciência por que é que regressou para Cabo Verde para prestar contas ao Parlamento, à UCID e ao STJ, como ele disse?”, questionou Vital Moeda, que acusou Amadeu Oliveira de ter premeditado o crime e de não ter demonstrado qualquer rasgo de arrependimento.

A defesa de Amadeu Oliveira classificou a acusação de uma falácia e disse que o MP não fez um esforço para indicar os elementos que preenchem os delitos.

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Zuleica Cruz afirmou que Oliveira só poderia ser acusado de um crime de responsabilidade política se tivesse actuado no exercício da função de parlamentar e que, ao contrário do que disse a acusação, ficou provado que ele não usou o Parlamento para o efeito.

Outro defensor, Félix Cardoso, acrescentou que Oliveira não pode ser responsabilizado criminalmente por uma falha no serviço da Polícia Nacional, que permitiu a saída do constituinte de Amadeu Olveira.

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Cardoso concluiu o julgamento provou que Oliveira não cometeu qualquer crime e que, apesar das suas críticas, nunca perturbou o funcionamento do STJ.

A leitura da sentença está marcada para 1o de Novembro.

O caso

O advogado e deputado eleito nas listas da UCID em 2021, Amadeu Oliveira, foi está preso desde Julho de 2021 em São Vicente, depois de ter assumido publicamente, no Parlamento, que planeou e concretizou a fuga do de um emigrante, seu cliente, que tinha sido condenado por homicídio, mas que aguardava um novo julgamento, em virtude do primeiro ter sido anulado pelo Tribunal Constitucional.