Brasil lança novo medicamento para tratamento de doentes com Sida

  • Patrick Vaz
Fármaco é mais potente, mais barato e vai beneficiar 100 mil pessoas no país.

O Governo brasileiro apresentou um novo tratamento no sistema público de saúde para os pacientes que contraíram o vírus HIV/Sida.

O Ministério da Saúde garante que o antirretroviral Dolutegravir é o mais indicado para o tratamento de HIV/Aids pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é mais eficiente e causa menos reacções nos pacientes.

Cerca de 100 mil brasileiros vão contar com esse novo remédio a partir de Janeiro do ano que vem.

“É um medicamento de ponta, ele dá poucos efeito colaterais e, principalmente, é um medicamento que provavelmente terá uma durabilidade maior de uso dentro do Ministério da Saúde por também não dar tanta resistência como as outras drogas já vem apresentando”, afirmou a directora do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, em entrevista ao programa radiofónico ‘A Voz do Brasil’.

Brasil considerado caso de sucesso

Esse novo medicamento também tem um custo menor para o Governo.

O Ministério da Saúde estima uma economia de 70% na produção.

O ministro Ricardo Barros ressalta que não foi preciso retirar recursos no orçamento para a compra de remédios antirretrovirais.

“Estamos com o menor preço do mundo, estamos utilizando a nossa vanguarda e a nossa capacidade de negociação para dar aos brasileiros mais serviços com os recursos que dispomos”, assegurou Barros.

Em 2015, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Sida reconheceu o Brasil como referência mundial no controlo da doença.

Organizações não-governamentais que trabalham com pacientes com Sida comemoram essa iniciativa, pois era uma demanda antiga.

Um defensor dessa causa, Cristiano Ramos, que contraiu o vírus HIV em 1988, vê esse novo medicamento como uma conquista para aqueles que necessitam do tratamento.

“Isso é uma conquista da sociedade civil organizada, das pessoas vivendo com HIV/Sida que actuam na luta contra a Sida e do Governo brasileiro”, ressaltou.

A doença

Desde o começo da epidemia, o Brasil registou 798.366 casos de Sida, acumulados no período de 1980 a junho de 2015.

No período de 2010 a 2014, foramm notificados mais 40,6 mil casos novos por ano, em média.

Em relação à mortalidade, houve uma queda da taxa de 10,9% nos últimos anos, passando de 6,4 por 100 mil habitantes em 2003 para 5,7 em 2014.

Actualmente no Brasil, 483 mil pessoas são portadoras do vírus HIV.

O medicamento

Anti-retrovirais ajudam a melhor a qualidade de vida dos doentes

O novo medicamento apresenta um nível muito baixo de eventos adversos, o que é importante para os pacientes que devem tomar o medicamento todos os dias, para o resto da vida.

Com menos efeitos colaterais, os pacientes terão melhor adesão e maior sucesso no tratamento.

O director do Departamento de HIV, da Organização Mundial de Saúde (OMS), Gottifried Hirnschael, numa mensagem em vídeo, destacou que desde os primeiros dias da epidemia global de HIV, o Brasil foi pioneiro ao introduzir as mais inovadoras intervenções, com criatividade e eficiência.

"O Brasil também esteve entre os primeiros países, no fim de 2013, a introduzir a política de ‘tratar todos’ e oferecer tratamento a todas as pessoas HIV positivas o mais cedo possível”, disse Gottifried Hirnschael.