Durante os últimos dois meses, os zimbabueanos residentes na África do Sul, têm-se apresentado nos escritórios do governo sul-africano com o propósito de obter autorização para trabalhar ou estudar legalmente no país, enquanto se aproxima a expiração do prazo para a sua legalização, receando grupos dos direitos humanos que o resultado venha a ser possíveis deportações às centenas, senão aos milhares.
E a menos de um mês para o início do processo judicial das deportações, os activistas advertem as autoridades sul-africanas que irão possivelmente enfrentar um desastre no domínio dos direitos humanos no que respeita a imigrantes indocumentados zimbabueanos no país.
Encontram-se presentemente na África do Sul cerca de um milhão e meio de imigrantes zimbabueanos, alguns dos quais, residentes legais, mas a maioria deles ilegais indocumentados, sujeitos à deportação quando expirar a 31 de Dezembro o prazo legal de três meses da sua permanência no país.
Timothy Muneri, activista do Fórum dos Imigrantes Zimbabueanos, que trabalha com as autoridades sul-africanas, disse que o tempo está a passar, e muito rapidamente, para os zimbabueanos indocumentados legalizarem a sua presença no país.
“Não temos a certeza se estaremos preparados para o que vai acontecer, quando as deportações, suspensas desde o passado mês de Abril, forem retomadas. É uma pergunta difícil de responder. “
Muneri disse que os zimbabueanos empregados devem apresentar documentos dos seus respectivos empregadores que provem a legalidade da sua situação e que tratando-se de comerciantes informais, esses também devem obter a autorização de trabalho das autoridades locais. Mas, nota Muneri, muitos dos trabalhadores ilegais têm medo de se apresentarem às autoridades.
O governo sul-africano estabeleceu uma moratória para as expulsões até o mês de Setembro passado, na expectativa de que até essa data a situação melhoraria no Zimbabué, a seguir à criação do governo de partilhar de poder em Harare.
Mas a Directora do Instituto das Mulheres Sul-Africanas, Joyce Dube, disse que o prazo ainda não dá tempo suficiente a alguns zimbabueanos para obterem a sua documentação:
“Estamos preocupados sobretudo com a situação das crianças, dos incapacitados físicos ou mentais, e dos sofrem doutras enfermidades, a serem deportados, além do receio de que as deportações dêem origem à violência.”
De notar que há dois anos a África do Sul foi agitada por uma vaga da violência xenofóbica em que cerca de 60 pessoas perderam a vida e as suas residências saqueadas.
Joyce Dube disse à Voz da América que muitos trabalhadores informais zimbabueanos entram na África do Sul através da fronteira sem defesa, o que tem vindo a acontecer nos últimos anos.
Por outro lado, muitos zimbabueanos têm obtido documentos fraudulentos e dizem que não se vão entregar às autoridades sul-africanas.