Moçambique: introduzida cesta básica de alimentos

Moçambique: introduzida cesta básica de alimentos

O governo anunciou esta semana três medidas para a contenção do custo de vida na população mais vulnerável nas cidades do país.

O governo anunciou esta semana três medidas para a contenção do custo de vida na população mais vulnerável nas cidades do país.

Das medidas ora anunciadas, destaques vão para a introdução de uma cesta básica de alimentos, no valor de cerca de 26 dólares e de passes de transportes públicos com preços subsidiados pelo Estado.

A reportagem da Voz da América saiu às ruas de Maputo, para colher a percepção dos cidadãos e descobriu que, quer académicos, sindicalistas e o cidadão comum convergem num descrédito total do impacto positivo sobre as novas medidas nas suas vidas.

Segundo projecções do governo, a entrega da cesta básica deverá iniciar em Junho próximo e vai beneficiar cerca de um milhão e 800 mil trabalhadores cujo salário é igual ou inferior a dois mil meticais (cerca de 66 dólares), enquanto o passe de transporte público começa a ser usado em Agosto.

No geral, os cidadãos de Maputo consideram as medidas ora anunciadas pouco realísticas e discriminatórias, uma vez que vai deixar de fora grande parte da população moçambicana, que nem sequer tem um emprego para ganhar algum salário.

Entre a sociedade da capital moçambicana, há mais dúvidas do que certezas de impacto das novas medidas. A única certeza comum é de que estas vêm para discriminar os pobres dos mais pobres e que os próximos tempos serão de grandes dificuldades.

Tomás Selemane, pesquisador e coordenador de projectos do Centro de Integridade Pública (CIP), explica as razões por detrás do cepticismo popular das novas medidas:

"Os cidadãos já não acreditam nas soluções e programas do governo para resolver os problemas sociais. É só olhar para as medidas de austeridade anunciadas em Setembro do ano passado, ninguém do governo consegue explicar em que medida tiveram impacto e no seio da sociedade, ninguém viu algum impacto na sua vida, como resultado daquelas medidas".

Francisco Mazoio, secretário da Organização dos Trabalhadores Moçambicanos, OTM-Central Sindical, diz que o seu movimento repudia a exclusão na definição das soluções para a contenção do custo de vida, tal como foi feito na tomada das actuais medidas e promete um posicionamento dentro dos próximos dias:

" Pela relevância e impacto social das medidas tomadas, o governo deveria ter consultado os sindicatos para juntos delinearmos as estratégias mais efectivas, facto que não aconteceu, pelo que o Comité Executivo da OTM-CS repudia este método de trabalho que contraria os princípios de governação inclusiva e de diálogo social preconizados pelo Governo.