África do Sul: Difícil entrar na Universidade

  • Paulo Faria

Estudantes aguardando inscrição na Universidade de Joanesburgo

No final do ano passado, cerca de 350 mil estudantes na África do Sul terminaram o ensino secundário. Enquanto alguns celebraram, outros ponderaram sobre o próximo passo a dar. Na realidade, um grupo muito pequeno dos que terminaram o liceu alcançaram nota final suficiente para se candidatarem à universidade. E deste número reduzido de alunos, muito poucos têm possibilidades de pagar os seus estudos superiores.

No final do ano passado, cerca de 350 mil estudantes na África do Sul terminaram o ensino secundário. Enquanto alguns celebraram, outros ponderaram sobre o próximo passo a dar. Na realidade, um grupo muito pequeno dos que terminaram o liceu alcançaram nota final suficiente para se candidatarem à universidade. E deste número reduzido de alunos, muito poucos têm possibilidades de pagar os seus estudos superiores.
Enquanto funcionários sul-africanos de educação congratularam-se com os 70,2 por cento de aprovações no décimo-segundo ano, terminou a festa para muitos desses finalistas, que agora coçam a cabeça, sem saber o que fazer a seguir. Somente cerca de 24 por cento dos graduados tem notas necessárias para se candidatarem à universidade.
E enquanto alguns já se encontrem neste momento na universidade, o que é que aconteceu aos outros? Muitos deles não tiveram possibilidades de pagar os estudos ou as suas notas não o permitiram.
Apesar dos obstáculos, falando com jovens como Samuel Jacobs, de 18 anos, é claro que a educação superior é enormemente apreciada e é vista como um pagamento inicial de um futuro de sucesso:
“Uma educação universitária basicamente estabelece o nosso futuro, porque se não tivermos um curso universitário, iremos ser provavelmente um operário e ganhar pouco dinheiro e então a vida vai ser muito mais difícil.“
Lenyaro Sello que concluiu o décimo-segundo ano ou a “Matric”, como chamam na África do Sul, quando tinha 16 anos, disse haver muitas razões porque os jovens sentem que bateram numa parede, quando acabaram a escola secundária:
“Não há orientação sobre o que fazer de seguida. Por exemplo, lembro-me que quando estava na “Matric” todas na minha turma queriam tirar tecnologia de escritório. Eu também pensei tirar o mesmo curso e quando voltei para casa o meu avô, que tem um curso superior, disse-me, então queres ser secretária. Só então me apercebi do que significava tecnologia de escritório.”
O grande obstáculo entre os jovens sul-africanos e uma educação universitária é a falta de fundos. Mas Sello, que tem uma bolsa de estudos do estado, disse que muitos potenciais estudantes universitários não sabem das oportunidades de financiamento que existem no país.
No seu discurso sobre o estado da nação no dia 9 de Fevereiro, o presidente sul-africano Jacob Zuma anunciou que vão ser construídas mais duas universidades, reconhecendo um outro problema: que as universidades sul-africanas estão a funcionar na sua plena capacidade e simplesmente não há espaço para admitir mais estudantes este ano.