Angola: Investigadores americanos apelam a OMS um comité de emergência para febre amarela

foto de arquivo

Escassez de vacinas pode causar propagação da doença

Dois professores do Centro de Medicina da Universidade de Georgetown, em Washington DC, apelaram à Organização Mundial de Saúde (OMS) que convoque um comité de emergência para coordenar uma resposta internacional para "o pior surto de febre amarela recente da história".

Segundo o Angola News Network (ANN), baseado nos Estados Unidos, o surto causado por picada de mosquito é o pior desde 1986.

A Rádio ONU escreve que num período de cinco meses, o Ministério da Saúde de Angola reportou mais de dois mil e cem (2100) casos suspeitos de febre-amarela e que desde Dezembro de 2015 até à primeira semana de Maio já ocorreram 277 mortes, resultantes do surto de febre amarela.

A OMS revelou também que existem casos "exportados" de Angola, tendo identificado cidadãos da China (11), Quénia (2) e República Democrática do Congo (37), que contraíram a doença.

No início de Abril, a directora-geral da OMS, Margaret Chan, viajou a Angola, para uma campanha conjunta de parceiros internacionais pela vacinação massiva que, escreve a ANN abrangeu sete milhões de pessoas. Contudo, os investigadores da Universidade de Georgetown, Daniel Lucey e Lawrence O. Gostin, alertam para a escassez de vacinas em Angola e antecipam a propagação da doença a regiões fora de Angola.

Segundo a ANN, o stock de vacinas do Grupo Internacional de Coordenação está actualmente limitado devido à falta de ovos de galinha isentos de agentes patogénicos, necessários para o desenvolvimento da vacina. Em resposta a esta situação, os investigadores americanos aconselharam a OMS a considerarem a implementação do mesmo plano de emergência que foi introduzindo aquando do surto de ébola, autorizando a dosagem da vacina da febre amarela para prevenir a ruptura de stock e controlar a epidemia.

No documento de Lucey e Gostin eles escrevem que "especialistas internacionais apelam ao uso de um quinto da dosagem normal em Angola para evitar rupturas agudas e propagação do vírus". "A administração dos escassos recursos é essencial, mas requer que a directora-geral da OMS declare estado de emergência pública e de preocupação internacional ou determinar o melhor para o interesse da saúde pública".

Os professores da Universidade de Georgetown também recomendaram à OMS que se reúnam com os fabricantes da vacina para uma expansão da investigação e desenvolvimento de vacinas não baseada em ovos e solicitaram um vector estratégico para a febre amarela, adicionalmente ao vírus zika.

Os mesmos professores reconhecem que a OMS agiu mais rapidamente em relação à febre amarela do que às epidemias do ébola e do zika, mas acreditam que a OMS deveria ter "um comité de emergência para reunir regularmente para aconselhar a directora-geral a declarar ou não estado de emergência e a tomar os passos necessários para evitar uma crise, ou ambos".