O presidente de Moçambique e o líder da Renamo conversaram, esta semana, sobre a insurgência em Cabo Delgado, mas um analista descarta a eventualidade de Nyusi ter solicitado apoio da oposição.
“Não quero acreditar que o presidente da República possa ter pedido algum apoio militar da Renamo, porque tomando em conta a própria Constituição, seria um Estado a rebaixar-se a um partido”, comentou o analista Egídio Plácido.
Veja Também Há um plano de envio de guerrilheiros da Renamo para combater insurgentes, diz Mariano NhongoPlácido diz que apesar de ser “ verdade que a Renamo tem alguns homens com alguma experiência em guerra, é preciso que haja outro tipo de investimento nas forças de defesa e segurança, que se tome outro tipo de estratégia para que se possa sair disto”.
Na comunicação sobre o encontro, de quinta-feira, 16, a Presidência não dá detalhes sobre a conversa dos dois políticos. Limita-se a informar que falaram igualmente sobre a Covid-19, instabilidade no centro do país, processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens da Renamo e implementação do processo de descentralização administrativa.
Negociar com Nhongo
A instabilidade no centro resulta de ataques reivindicados pela autoproclamada junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nhongo, figura influente da ala armada do partido, que publicamente rejeita a liderança de Ossufo Momade.
Veja Também Líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo recusa diálogo com o partidoEm relação aos ataques no centro, Plácido diz que a solução passa por o Estado moçambicano encetar contactos com Mariano Nhongo.
Para este analista, a responsabilidade não deve ser apenas imputada a Ossufo Momade, é também do próprio Estado que precisa de tentar “perceber o que de facto está acontecer (...) da mesma forma que sentou com o partido tem que se encontrar alguma plataforma de se sentar com a ala da Renamo”.
Outro analista, Simão Nhambi diz que “é muito importante que ao tentar falar-se do cumprimento do DDR tem que se revisitar a questão das forças residuais lideradas por Mariano Nhongo, no que tange a busca de paz e estabilidade em Moçambique”.
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