A administração Bush afirma que Cuba está a ser submetida a uma transição política de facto enquanto o presidente Fidel Castro está a recuperar de uma operação cirúrgica e cabe ao povo cubano decidir o futuro do seu país.
O Secretário de Estado Assistente americano para as Questões do Hemisfério Ocidental, Tom Shannon, disse que os EUA estão a acompanhar atentamente os acontecimentos em Cuba com particular interesse desde que o presidente Fidel Castro cedeu temporariamente o poder ao seu irmão Raul, vai para mais de três semanas: “Estamos em crer que o que estamos a ver hoje em Cuba é, na realidade, uma lenta transferência do poder. Estamos a ver que Fidel Castro, dada a sua idade e o tipo de crise de saúde que atravessou, não parece, finalmente, estar em posição de regressar à gestão diária das questões do Estado da forma como o fez durante muitas décadas”.
Fidel Castro fez 80 anos na semana passada e as autoridades cubanas assinalaram a ocasião divulgando fotografias do presidente Castro, a única prova palpável até então de que ele estava vivo.
Shannon afirma que, enquanto Cuba espera para ver o que acontece ao homem que liderou aquela ilha desde a revolução comunista de 1959, as instituições do sistema totalitário de Cuba estão a atravessar um período de negociação no que toca à partilha do poder.
O Secretário de Estado Assistente americano afirma que Washington tem um papel a desempenhar ajudando Cuba a encaminhar-se em direcção á democracia, mas nota que esse papel tem que se jogado à margem do processo político: “O futuro de Cuba tem que ser determinado pelo povo cubano. Em última análise, nenhuma solução política pode ser imposta do exterior. É imperativo que o povo cubano seja capaz de escolher o seu futuro”.
Shannon reiterou que a posição da administração Bush é a de que os EUA irão avançar no sentido de restabelecer as relações diplomáticas com Havana e de pôr fim ao boicote económico imposto contra Cuba, caso uma democracia genuína seja estabelecida naquela ilha. O Secretário de Estado Assistente americano adiantou ainda que o fim do totalitarismo irá ajudar Cuba a voltar ao seio da Organização dos Estados Interamericanos, integrando-se melhor na região e na comunidade internacional como um todo.
Mas, aquele governante americano admite ser difícil prever que escolha irá o povo cubano fazer e que ainda se não fez ouvir o clamor popular exigindo uma drástica mudança política naquela ilha: “Obviamente que a abertura política e a democratização podem assumir várias formas. E nós estaremos muito interessados em ouvir a opinião do povo cubano acerca do que pretendem que venha a acontecer. Os comentários iniciais que recebemos de Cuba não parecem indicar um grande interesse. Mas nós, os EUA, estamos de ouvido à escuta.”
Desde que Fidel Castro cedeu o poder ai seu irmão, o governo cubano tem encorajado os cidadãos a demonstrarem a sua fidelidade ao regime comunista vigente. Forças de segurança extra foram colocadas em Havana, a capital, bem como noutros locais, mas não há notícia de quaisquer distúrbios.
As autoridades cubanas afirmam que Fidel Castro regresse ao desempenho das suas funções dentro de semanas ou de meses.