As zungueiras, como são chamadas as mulheres que se dedicam ao comércio informal em Angola, e vendedores ambulantes na cidade do Lubango, capital da província da Huíla, voltam a queixar-se da actuação dos fiscais afectos à Administração Municipal.
Algumas zungueiras dizem que em muitas ocasiões, além dos maus-tratos, os fiscais acabam por ficar para benefício próprio com os produtos recolhidos.
“Os nossos negócios só tiramos aos fazendeiros, vendemos, o lucro é nosso e a outra parte levamos ao dono, mas os fiscais quando chegam recebem os negócios. Eles dividem ao meio uma parte levam nas casas deles e outra vai para a terceira idade”, denuncia Joana Ngueve, enquanto Ludiana Rodrigues diz que “o fiscal não respeita, ainda por cima ofende a tua mãe, te bate e não sei se são orientados a procederem assim, empurram mulher grávida sem se importar se podem provocar um aborto”.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) tem estado a financiar um projecto para atribuição de bancadas e melhoria das condições de venda na rua com incidência para as frutas e hortícolas.
As zungueiras queixam-se igualmente de parcialidade na cedência das bancadas.
“Eles fazem cunha. Para quem tem pouco dinheiro não lhe é dada bancada, dão mais às pessoas quem têm mais dinheiro e olham nas caras”, denuncia uma das zungueiras.
A Administração Municipal do Lubango admite que haja um ou outro excesso entre os fiscais, mas garante existir um trabalho profundo para inverter o quadro.
“Se o fiscal apresenta comportamentos melancólicos e vamos encontrar o zungueiro então essa situação não cria um ambiente favorável para trabalhar. O que estamos a fazer é que os fiscais não devem perseguir mais os zungueiros”, garante o responsável pela fiscalização, Pedro João.
O projecto de cedência de bancadas visa principalmente organizar a venda na rua e uma fonte da Administração Municipal do Lubango disse à VOA que tenta implementá-lo em função da disponibilidade e com a maior transparência possível.