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Vírus Zica alastra-se rapidamente no Brasil e é preocupação mundial


Mosquito Aedes aegypti, portador do vírus Zica
Mosquito Aedes aegypti, portador do vírus Zica

O ano de 2016 mal começou e, mais uma vez, em todo o Brasil já são milhares as vítimas do mosquito portador do vírus Zica .

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Há anos, a população brasileira vem sofrendo com o mosquito Aedes aegypti, causador da Dengue, da Febre Chikungunya e do recente e não menos preocupante vírus Zica.

É neste período de verão chuvoso, até meados de Março, que o número de casos dessas doenças transmitidas pelo mosquito cresce assustadoramente no país.

O Governo tem dificuldades para criar ações efectivas para eliminar o mosquito.

A população ainda hoje pouco tem feito para evitar a proliferação desse vetor.

Garrafas, pneus velhos, caixas d’água, vasos de flores são os locais preferidos para a proliferação do Aedes aegypti.

Basta ter um pouco de água para ele se desenvolver rapidamente.

Desta vez, o que mais chama atenção é a microcefalia, condição neurológica rara em que a cabeça da pessoa é significativamente menor do que a de outros da mesma idade e sexo, e que também causa problemas na coordenação motora e na fala.

Essa doença, desenvolve-se em grávidas e afecta diretamente os bebés ainda em formação.

O último balanço divulgado nesta semana pelo Ministério da Saúde revela que entre 22 de Outubro de 2015 e 9 de Janeiro deste ano foram registrados 3.530 casos suspeitos de microcefalia relacionada ao vírus Zika em recém-nascidos.

As notificações da má-formação dos bebês estão distribuídas em 724 municípios de 21 estados brasileiros.

O nordeste do Brasil lidera a ocorrência de casos.

Pernambuco é o Estado com o maior número de casos suspeitos (1.236), o que representa 35 por cento do total registado em todo o país.

Em seguida, estão Paraíba (569), Bahia (450), Ceará (192), Rio Grande do Norte (181), Sergipe (155), Alagoas (149), Mato Grosso (129) e Rio de Janeiro (122).

Diante deste alarmante cenário, os brasileiros tentam se esquivar do mosquito, pois combatê-lo tem sido quase impossível nos últimos anos.

O infectologista Carlos Starling acredita que essa epidemia tende a se alastrar ainda mais.

“Vivemos um surto importante com característica epidêmica pelo Zika vírus. Todos os dados epidemiológicos mostram isso. O vírus apareceu ano passado, provavelmente na época da Copa do Mundo, contendo o mesmo vector do vírus da dengue, que é o mosquito Aedes aegypti. Ele difundiu no nordeste brasileiro e certamente vai ter a mesma disseminação que teve a dengue. Pelo menos é isso que epidemiologicamente nós vislumbramos para os próximos meses”, afirmou.

O Governo pouco tem contribuído para solucionar de vez esse problema.

Para agravar ainda mais a situação, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, em conversa recente com jornalistas deu uma declaração infeliz ao dizer que iria torcer para as mulheres contraírem o vírus Zika antes da idade fértil.

"Não vamos dar vacina para 200 milhões de brasileiros. Nós vamos dar para as pessoas em período fértil. E vamos torcer para que as pessoas antes de entrar no período fértil peguem a zika, para elas ficarem imunizadas pelo próprio mosquito. Aí não precisa da vacina”, disse.

O ministro ainda ressaltou que o vírus Zika pode criar uma geração de sequelados, que o problema é alarmante e que a população precisa se engajar no combate ao mosquito.

Ele garantiu que uma vacina vai ser criada para combater essa doença.

Carlos Starling entende uma simples vacina não será a salvação dos brasileiros.

“Com certeza uma declaração muito infeliz por parte dele. Mesmo porque nós ainda não conhecemos todas as consequências do Zika vírus. A princípio parece ser uma doença branda, mas está relacionada também como qualquer outra doença viral a síndromes neurológicas graves como a síndrome de Guillain-Barré, em que o paciente fica meses paralisado e algumas vezes evolui com complicações que o leva a óbito. Infecção viral não é uma coisa que pode ser tratada como banalidade. Esse é um problema importante de saúde pública e que nós estamos longes de resolvê-lo. Não conseguimos controlar o Aedes aegypti. Ele está disseminado praticamente em todo o país e até muito bem adaptado ao ambiente urbano. A expectativa que a gente tem não é das melhores. A possibilidade de disseminação do Zika vírus para o país inteiro é iminente e as consequências disso estão longe de serem resolvidas com uma vacina. A vacina da dengue, por exemplo, demorou 30 anos para ser criada e mesmo assim não é a ideal. Certamente é agora que as pesquisas vão começar e nem temos critério para indicar alguma coisa que nem existe”, ressaltou.

Os reflexos negativos da disseminação do Aedes aegypti neste período chuvoso são facilmente vistos em unidades de saúde e hospitais de todo o Brasil, conforme Starling. Ele teme uma nova e agressiva versão da dengue.

Carlos Starling acredita que o melhor a ser feito são campanhas preventivas para conscientizar a população sobre os riscos das doenças transmitidas pelo mosquito.

“Cada um tem que fazer sua parte, mas o Governo não pode se isentar de suas responsabilidades. Precisa investir em novas pesquisas tanto para desenvolver estratégias de controle do mosquito, quanto novas vacinas. O Governo tem a sua grande parcela de responsabilidade em relação a essas epidemias que estamos vivendo. E não só esse Governo, mas todos os outros governos passados”, concluiu.

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