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Venda de cartões de eleitor gera polémica nas eleições da Nigéria


A Nigéria adoptou um novo sistema de identificação de votos, criado para prevenir fraudes nas eleições nacionais do dia 28 de Março. Mas recentes casos de pessoas que venderam seus cartões de voto preocupam oficiais e a sociedade civil.

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A polícia da cidade de Kaduna, no norte da Nigéria, prendeu na semana passada uma mulher pela tentativa de venda de contrabando. Mas os bens ilegais não eram drogas ou armas. Eram cartões permanentes de voto, que são requeridos para que nigerianos possam registar seu voto nas próximas eleições para presidente e membros do parlamento do país.

O jornalista Femi Mustapha Ayolola visitou a suspeita vendedora dos cartões, e diz que a mulher tentou vendê-los a um activista do partido que governa a Nigéria porque precisava de dinheiro. Ele disse que a mulher acreditava que receberia entre 25 e 50 dólares pelo cartão de voto.

Enquanto a suspeita vendedora de cartões foi motivada pelo dinheiro que poderia receber com a venda, o comércio ilegal de cartões de voto da Nigéria é comandado por cálculos políticos, dizem activistas da sociedade civil.

O director executivo do Centro de Políticas e Defesa Legal Clement Nwanwo, diz que tirar os cartões dos votantes é uma prática já usada no passado para perpetuar fraude nas eleições, ou privar as pessoas de seus direitos.

“É uma das duas opções. Ou alguém compra os cartões em áreas comandadas pelo partido rival para reduzir os votos que ele receberia naquela região, ou os candidatos viram uma brecha no processo que eles podem explorar para aumentar os votos para eles mesmos.”

A venda dos cartões de voto é ilegal, e Nwankwo diz que ele não sabe o quão difundido o comércio é actualmente, mas que ele ouviu que está acontecendo por todo o território nigeriano.

A Comissão Nacional Eleitoral da Nigéria distribui máquinas leitoras de cartões, que lêem detalhes biométricos do cartão de eleitor. Tais máquinas funcionam como um meio de evitar que as pessoas passem umas pelas outras. O director de relações públicas da Comissão Nick Dazang diz que isso deve ajudar a parar a venda dos cartões.

“Mesmo que você os compre, a tecnologia que nós estamos utilizando não irá permitir que nenhuma pessoa use o cartão de outras.”

Mas os leitores de cartão ainda estão longe de ser uma certeza nas eleições que se aproximam. Um grupo está processando a comissão eleitoral para impedir que eles usem os leitores no dia 28 de Março, por se preocuparem que as máquinas possam ter falhas no dia da votação, e acabar por impedir que as pessoas consigam votar.

Activistas temem que, se os leitores não forem usados, poderia haver uma explosão na compra e venda dos cartões de voto, enquanto políticos procuram aumentar seu número de eleitores. Com a estimativa do Banco Mundial de que 46% dos nigerianos vivem na linha da pobreza, muitos poderiam ver a venda do seu voto como uma questão de necessidade económica.

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