Depois de 38 anos dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, os angolanos continuam divididos sobre o que passou e muitos desconhecem as detenções, torturas e mortes.
No dia 27 de Maio de 1977, cidadãos ligados a Nito Alves, que ocupava na altura o posto de ministro da Administração Interna e era membro do Comité Central do MPLA, e que foram chamados de "fraccionistas", foram perseguidos pelo poder, detidos, torturados e cerca de 700 foram mortos por ordem do próprio Presidente Agostinho Neto.
Na sequência desses incidentes que marcaram a história recente de Angola, vários militantes foram expulsos ou saíram do MPLA. Entretanto, no seio do partido no poder surgiu a União de Tendências do MPLA que defende o direito a tendências dentro do partido.
Gaspar António Manuel, um dos membros daquela organziação, que se distanciou do MPLA, reconhece que continuam as mágoas porque o que aconteceu na altura pode se perdoar, “mas nunca será esquecido”.
Gaspar António Manuel diz ainda que quem viveu aquele momento deve ser reconhecido pelos dados causados nas suas vidas.
“Não temos com quem dialogar e se tivéssemos talvez estaríamos a perdoar ainda mais, mas sofremos muitos danos e os seus autores devem ser responsabilizados”, pediu.
De recordar que 27 de Maio de 1977 e o caso Nito Alves ainda são feridas abertas na sociedade angolana e uma pedra no sapato do partido do poder.
Historiadores e observadores dizem que apenas uma análise histórica, realística e distante dos factos poderá repor a verdade do 27 de Maio de 1977.