Uma investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o elogiado programa de refugiados no Uganda descobriu que milhões de dólares são desviados em esquemas de corrupção, reporta a Reuters.
O relatório do Escritório de Serviços de Supervisão Interna (OIOS) descobriu facturas viciadas, fraude e violação de regras, entre outras acções ilícitas, que causaram prejuízos para a agência de refugiados da ONU.
O Uganda alberga mais de um milhão de refugiados do Sudão do Sul, República Democrática do Congo e de outros países.
Este país é elogiado pela sua política aberta de tratamento de refugiados, que concede aos estrangeiros a liberdade de circulação, acesso a serviços de saúde pública e pequenos lotes de terra para assentamento e cultivo.
A auditoria em referência é relativa às operações do Alto Comissariados para os Refugiados (ACNUR) nos últimos 18 meses.
"Reconhecemos as graves deficiências e já começamos a tomar medidas ... (A) maioria das acções resultantes dessas análises foi implementada antes mesmo da divulgação dorelatório final de auditoria ", disse à Reuters, Babar Baloch, porta-voz do ACNUR em Genebra.
A auditoria mostra o uso excessivo de combustível pelos veículos do ACNUR atribuídos a funcionários do gabinete do primeiro-ministro de Uganda (OPM), que lida com os refugiados e presta serviços contratuais ao ACNUR.
A análise indica que o OPM pagou anualmente 283 mil dólares em subsídios a dezenas de funcionários, mas “não foi capaz de provar ao OIOS que esses funcionários trabalhavam em projectos do ACNUR”.
Nota igualmente que o que o OPM pagou pela terra para albergar os refugiados é relativamente alto e que há potencialmente 7.7 milhões de dólares em pagamentos excessivos para o fornecimento de água.
O registo de refugiados foi também adulterado. Dados mostram que o Uganda tem 1,1 milhões, quase 25 por cento menos do que o número anteriormente reportado.
Essas alegações irritaram doadores ocidentais que financiam os esforços da agência para lidar com o aumento do número de refugiados no Uganda, especialmente depois de uma onda de violência no Sudão do Sul, em 2016.
Porta-vozes do OPM, da presidência e do governo do Uganda não responderam aos pedidos da agência Reuters para comentários.