Um novo ataque de um grupo de insurgentes provocou a morte de três pessoas e a destruição de dezenas de palhotas na sexta-feira, 12, na aldeia Nanjaba, no interior de Macomia, província moçambicana de Cabo Delgado, o que originou uma nova vaga de deslocados, disseram à VOA nesta segunda-feira, 15, várias fontes locais.
O ataque a aldeia que fica, 16 quilómetros da vila sede de Macomia, ocorreu dentro do cordão de segurança das forças estrangeiras que apoiam Moçambique no combate ao grupo filiado ao Estado Islâmico e localmente conhecido por al-Shaabab.
“Entraram cerca das 21 horas locais e não eram muitos combatentes”, conta Frederico Alai, um morador local, que descreve o pânico que o ataque provocou numa área “consideravelmente segura” devido à presença militar.
“Estes combatentes fugiram daquela base onde as forças ruandesas invadiram a pouco tempo” no norte de Macomia, ainda segundo Alai.
Fontes militares garantiram à VOA que persistem focos de insurgência nos distritos de Macomia, Nangade, Mocímboa da Praia, Mueda e Palma, e que os ataques ocasionais são protagonizados por pequenos grupos, de dezenas de insurgentes que continuam activos na região.
“Morreram três pessoas. Duas das vítimas eram deslocadas do conflito que teriam se refugiado naquela aldeia no ano passado”, acrescenta Sumeia Fakir, outra moradora local.
As vítimas foram enterradas na manhã de sábado, 13.
As autoridades ainda não se pronunciaram sobre os novos ataques nas zonas recuperadas do domínio dos grupos insurgentes em Cabo Delgado.
Semana conturbada
Ainda na sexta-feira, 12, a circulação de militantes armados do grupo al-Shaabab provocou uma fuga em debandada da população na aldeia Nachitenje, interior do distrito de Mueda.
O grupo entrou na aldeia às 9 horas da manhã, não queimou casas, mas levou comida, que retirou das casas abandonadas por pessoas que fugiram para o mato.
Antes, na quarta-feira, 10, um ataque à aldeia V Congresso, em Macomia, provocou a morte de uma pessoa e a destruição, por fogo, de 50 sacos de castanha de caju acabados de colher, além de arroz destinado à comercialização.
“A situação está complicada”, diz um morador local em conversa com a VOA, enquanto se ouvia no fundo um ruído de um helicóptero que sobrevoava a aldeia para socorrer a população.
O grupo terá raptado cinco mulheres neste ataque, mas depois colocou-as em liberdade, havendo suspeitas de terem sido violadas.
No mesmo dia, o grupo efectuou três ataques simultâneos a aldeias de Nangade, provocando a fuga de uma população que tinha decidido abandonar os campos de deslocados.
O conflito armado em Cabo Delgado já provocou mais de 3.100 mortos, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, na sigla inglesa, e mais de 820 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.