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Trump enfrenta dia de ajuste de contas financeiro


Ex-presidente Donald Trump ladeado pelos seus advogados durante argumentos finais no caso de fraude civil no Supremo Tribunal de Nova Iorque, em Manhattan 11 janeiro 2024 (arquivo)
Ex-presidente Donald Trump ladeado pelos seus advogados durante argumentos finais no caso de fraude civil no Supremo Tribunal de Nova Iorque, em Manhattan 11 janeiro 2024 (arquivo)

Esta segunda-feira o estado de Nova Iorque poderá começar a confiscar os bens de Trump, uma vez que este parece não ter dinheiro para prosseguir com o recurso de um processo de fraude civil que perdeu

O antigo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que criou a sua personalidade política como um magnata multimilionário do sector imobiliário, enfrenta esta segunda-feira um dia de acerto de contas financeiro que pode mostrar que não está tão cheio de dinheiro como levou o público americano a acreditar.

Trump, o provável candidato presidencial republicano nas eleições nacionais de novembro, tem um prazo para apresentar 454 milhões de dólares em dinheiro ou uma obrigação garantida pelos seus bens. Dessa forma, poderá recorrer de uma sentença proferida no mês passado, no valor de 454 milhões de dólares, segundo a qual Trump cometeu fraude civil durante anos, inflacionando o valor dos seus bens para obter melhores condições em transacções comerciais.

Se não conseguir arranjar o dinheiro ou uma caução, a Procuradora-Geral do Estado de Nova Iorque, Letitia James, parece estar preparada para iniciar o longo processo de apreensão de alguns dos arranha-céus de escritórios de Trump na cidade de Nova Iorque, talvez uma grande propriedade e uma mansão que possui fora da cidade, ou contas em dinheiro e acções, até mesmo o seu jato pessoal a que chama Trump Force One.

Os advogados de Trump afirmaram que garantir a caução seria uma "impossibilidade prática", porque ele precisaria de dar cerca de 550 milhões de dólares em dinheiro e investimentos líquidos à empresa de cauções para avançar com o recurso. Segundo os advogados, 30 empresas de caução recusaram o pedido de Trump de fornecer o dinheiro para que ele pudesse prosseguir com o seu recurso.

Numa publicação na sua plataforma Truth Social, na semana passada, Trump afirmou ter quase 500 milhões de dólares em dinheiro que tencionava utilizar na sua campanha e disse que James "quer tirar-lhos".

Mas o seu advogado, Chris Kise, disse à CNN que não era esse o caso.

"O que ele está a falar é do dinheiro que consta dos formulários de divulgação da sua campanha e que ele acumulou ao longo de anos de propriedade e gestão de empresas de sucesso", disse Kise. "É precisamente esse dinheiro que Letitia James e os democratas estão a visar".

Procuradora-geral de Nova Iorque Letitia James que acusou Trump e a sua empresa de ter enganado bancos e seguradoras, fornecendo-lhes declarações altamente inflacionadas sobre o património líquido e os valores dos activos de Trump
Procuradora-geral de Nova Iorque Letitia James que acusou Trump e a sua empresa de ter enganado bancos e seguradoras, fornecendo-lhes declarações altamente inflacionadas sobre o património líquido e os valores dos activos de Trump

Durante o julgamento civil, que durou semanas, no final do ano passado, Trump atacou James por ter aberto o processo contra ele, dizendo que as suas propriedades foram avaliadas por mais do que os valores nos formulários financeiros que James alegou serem demasiado elevados.

Em todo o caso, Trump argumentou no processo que as avaliações citadas nos pedidos de empréstimo eram basicamente irrelevantes, porque os bancos faziam as suas próprias verificações de antecedentes e que, no final, ele pagou totalmente os seus empréstimos, pelo que ninguém foi prejudicado financeiramente.

Trump atacou frequentemente o juiz do Supremo Tribunal do Estado de Nova Iorque, Arthur Engoron, em conferências de imprensa improvisadas, quando entrou no tribunal para ouvir vários dias de testemunhos do julgamento e chamou à sentença final de 454 milhões de dólares um "montante chocante".

No domingo, Trump criticou tanto James como Engoron no Truth Social. Escreveu mal o primeiro nome da procuradora-geral e depois afirmou, em letras maiúsculas, que ela tem um "historial terrível de crimes violentos como procuradora-geral do estado de Nova Iorque. Mas pelo menos ela vai atrás de Trump por não ter feito absolutamente nada de errado!".

Juíz Arthur F. Engoron preside ao julgamento do ex-presidente Donald Trump por fraude empresarial no Supremo Tribunal de Nova Iorque, em Nova Iorque 17 outubro 2023 (arquivo)
Juíz Arthur F. Engoron preside ao julgamento do ex-presidente Donald Trump por fraude empresarial no Supremo Tribunal de Nova Iorque, em Nova Iorque 17 outubro 2023 (arquivo)

Trump chamou a Engoron "grosseiramente incompetente e corrupto! Eu devia ter zero de coima".

Num outro caso de Nova Iorque, na segunda-feira, um juiz poderá marcar uma data para o julgamento, possivelmente no próximo mês, para a primeira das quatro acusações criminais que Trump enfrenta e que englobam 91 acusações.

Neste caso, o ex-líder dos EUA é acusado de ter escondido um pagamento de 130.000 dólares a uma estrela porno antes da sua bem sucedida candidatura à Casa Branca em 2016, para evitar que ela falasse publicamente sobre a sua alegação de um encontro de uma noite com Trump uma década antes.

Trump negou o caso e todas as acusações criminais.

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