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Trabalhadores de rádio comercial em Benguela, em que MPLA é accionista, em greve


Trabalhadores da Rádio Morena Comercial em greve, Benguela, Angola
Trabalhadores da Rádio Morena Comercial em greve, Benguela, Angola

Interferência do MPLA afunda Rádio Morena Comercial, diz ex-sócio a propósito da greve

A greve dos trabalhadores da Rádio Morena Comercial (RMC), na província angolana de Benguela, entra no seu terceiro dia, nesta quarta-feira, 14, com preocupações quanto ao futuro, entre a crise financeira e interferências políticas do MPLA.

O jornalista José Cabral Sande, afastado da sociedade na altura em que o partido no poder, accionista principal da rádio, tinha como secretário-geral João Lourenço, actual Presidente da República, teme que o projecto desapareça depois das legislativas de 2022.

A falta de pagamento de sete meses de salários e o corte do vínculo laboral com vários trabalhadores em plena fase negocial são factores que determinaram a paralisação da frequência 97.5, segundo o líder da Comissão Sindical, Dinho Carlos.

‘’Vamos observar a greve até Sábado (dia 17), depois, com as negociações, trabalhamos mais 10 dias. Se não houver nada … aí será por tempo indeterminado, também por incumprimento e afastamento dos colegas’’, explica o sindicalista.

Antigo sócio-gerente, o jornalista Cabral Sande, que assume um grande sentimento de tristeza, entende a situação económica do país e o fim da parceria comercial com a Igreja Universal do Reino de Deus, que comprava muitos espaços na programação, mas acentua o que chama de interferência política na análise ao quadro vigente.

"Foi uma interferência política e grosseira do topo da estrutura do MPLA, uma interferência que alterou todo o projecto de constituição. Depois temos a crise económica, mas não é tanto por aí, uma rádio comercial também se faz com amizade e Benguela neste aspecto é solidária’’, indica.

O antigo gestor avança que ‘’no meio disto há a saída da Igreja Universal, que custeava as acções da Rádio Morena’’.

Em fase de ambiente eleitoral, multiplicam-se os receios.

"Aquele que assumiu a responsabilidade de ter em suas mãos nunca fez nada, não vai fazer. O que pode acontecer, e é algo que deve ser acautelado, é que venha a ser usada como porta-voz de um partido nas eleições’’, indica Sande, vaticinando que "depois de 2022 a RMC vai ficar igual ou pior’’.

A greve foi declarada após uma assembleia de funcionários em que esteve representado o Ministério do Trabalho.

Melhores condições laborais, melhorias e extensão do sinal são outros pontos do caderno reivindicativo.

A VOA não conseguiu ainda uma reacção dos responsáveis da RMC.

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