Dois colaboradores do consórcio chinês que constrói a barragem de Caculo Cabaça, na província angolana do Kwanza Norte, terão sido mortos nesta quinta-feira, 26, em consequência de disparos efectuados por agentes da Polícia Nacional para dispersar uma marcha de trabalhadores contra alegadas más condições laborais, soube a VOA junto de fontes locais.
Num primeiro balanço sobre os confrontos, ainda sem a versão das autoridades, o secretário-geral da Federação dos Sindicatos da Construção, Manuel Sebastião, apontou para a existência de vários feridos, mas salientou estar à espera de informações complementares.
Ele fala em rebelião e responsabiliza a entidade empregadora.
“Um morto? Não, são dois, segundo os nossos camaradas. Existem muitos feridos", disse acrecentando ter havido "vandalismo, mas parece que a culpa é da entidade empregadora".
Um antigo membro do Sindicato da Construção no Kwanza Norte, que pediu para não ser identificado por estar em funções noutra província, diz não estar surpreendido.
“Os trabalhadores estão mesmo descontentes, os chineses nunca cumpriram com a lei. Pelo que dizem, já remeteram o caderno (reivindicativo) há um bom tempo mas eles nunca fizeram nada, agora deu no que deu”, salienta.
Aumentos salariais, condições de trabalho, subsídios e segurança social são aspectos que dividem funcionários e o consórcio chinês, à frente de um projecto em curso há cinco anos, que movimenta biliões de dólares norte-americanos.
Não há ainda reacção das autoridades nem da empresa.